O avanço da inovação financeira no Brasil exige mais do que infraestrutura tecnológica e soluções digitais, passa pela confiança como estratégia social, capaz de unir agentes públicos e privados em torno de práticas seguras, colaborativas e transparentes. A avaliação é do chefe da Divisão de Inteligência Analítica do Banco Central do Brasil, André Henrique de Siqueira, durante o keynote de encerramento do Fintech Trends 2025, na última quinta-feira, 30. “A confiança objetiva não é uma virtude individual, mas um valor das relações sociais, construída quando reduzimos a complexidade dos sistemas. Só assim o cliente, o investidor e o regulador se sentem seguros para operar no novo ambiente digital”.
O evento, promovido pela Vertical Fintech da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), reuniu cerca de 500 participantes em formato híbrido, com palestras e painéis realizados no CIA Primavera, em Florianópolis/SC, e transmissão ao vivo. Em sua terceira edição, o Fintech Trends se consolida como um espaço de discussão sobre os rumos do setor financeiro digital, recebendo representantes do mercado, startups, investidores e instituições públicas.
Para o representante do Banco Central, o avanço das tecnologias financeiras impõe desafios que não podem ser tratados apenas por normas e supervisão. Siqueira propôs o fortalecimento da governança da inovação, com a participação de todos os atores impactados pelas transformações do setor. “Não acertaremos tudo de primeira, mas precisamos ouvir quem será afetado por cada tecnologia para identificar riscos e proteger o sistema”.
Segundo ele, esse processo colaborativo é essencial para lidar com o que chamou de perímetro supra regulatório, quando inovações se desenvolvem fora do escopo tradicional de supervisão. “A inovação corre rápido, e também o fazem os riscos. O papel da confiança é reduzir a complexidade e gerar segurança em um ambiente cada vez mais dinâmico”, destacou Siqueira.
Nova economia
Outros temas centrais para o futuro das finanças digitais também foram debatidos ao longo da quinta-feira. O painel sobre infraestrutura da nova economia discutiu o uso de protocolos descentralizados, blockchain e sistemas híbridos de pagamento. Já o painel sobre finanças embarcadas mostrou como empresas não-financeiras podem integrar serviços financeiros aos seus modelos de negócio.
O Open Finance foi apresentado como motor de transformação da experiência do consumidor, com destaque para a evolução da governança de dados, da portabilidade de crédito e da oferta de produtos personalizados com base em perfis financeiros. A inteligência artificial (IA) também foi debatida como ferramenta essencial para automatizar decisões, prevenir fraudes e gerar valor por meio da análise de comportamento.
O evento abordou ainda o futuro do mercado de pagamentos e fintechs, além de trazer ao palco questões sobre capital de impacto, ESG e crédito verde. Houve também rodada de pitches com fintechs, que tiveram a oportunidade de apresentar suas soluções inovadoras em crédito, pagamentos, gestão financeira e serviços bancários integrados.
Para o diretor da Vertical Fintech da Acate, Ricardo Toledo, o evento reforça o papel de Santa Catarina como um polo de inovação no setor. “O Fintech Trends desperta reflexões sobre os caminhos possíveis para a inovação financeira e destaca como a confiança, a colaboração e o uso inteligente de dados serão os pilares da nova economia”.
O Fintech Trends 2025 contou com o patrocínio da Solana, do escritório de advocacia b/luz, Finscale, Triven, Dell Technologies, Eroles Advogados, Zarv, CréditoAI, Passeio Primavera, Edunext e Quyta. São apoiadores: Abcripto, Abfintechs, Acrefi, Darwin Startups, Fenasbac e Nexpon.

