O espaço RS Innovation Agro + Smart Cities, na Expointer 2024, foi palco de discussões sobre temas ligados à reconstrução do Rio Grande do Sul nesta terça-feira, 27. Os debates do projeto Diálogos pelo Agro se concentraram em dois painéis, que abordaram o uso de tecnologias digitais no escoamento de insumos e produtos e no desenvolvimento de sistemas produtivos resilientes.
As atividades no local são coordenadas pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict), em parceria com a Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), a Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação (Reginp), a Rede de Inovação do Agronegócio do RS (Riagro) e Universidade Feevale.
Tecnologia digital para escoamento de insumos e produtos
O primeiro painel discutiu como as ferramentas digitais estão transformando a logística no agronegócio. Especialistas abordaram a implementação de plataformas que permitem a rastreabilidade dos produtos, desde o campo até a distribuição final. Essas tecnologias têm o potencial de otimizar a gestão de estoques, reduzir o tempo de transporte e minimizar perdas, promovendo uma cadeia de suprimentos mais eficiente.
“A digitalização tem um papel fundamental de sustentabilidade para a reconstrução e retomada do Estado e do agro, responsável por 40% do PIB gaúcho. É necessária essa integração entre diferentes elos do processo produtivo, utilizando soluções digitais para conectar produtores, distribuidores e consumidores, além de informações em tempo real, o que melhora a tomada de decisões e aumenta a transparência em todo o processo”, afirmou o agrônomo Donário de Almeida, integrante do Conselho Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia e da Comissão de Inovação da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).
Conforme o CEO da Bioagreen, empresa incubada no Parque Tecnológico da Universidade Federal de Santa Maria, Luis Curioletti, o maior volume de negócios das grandes culturas, como soja, arroz e milho, pode ser afetado pelas incertezas de fatores externos da geopolítica mundial. Por isso, apresentar tecnologias robustas é fundamental para o desenvolvimento desse segmento. “O produtor dá muito valor para o olho no olho, para a assistência técnica, mas também para grandes marcas que tragam segurança na hora da escolha, e a estratégia digital permite essa aproximação do agricultor com os demais integrantes da rede agropecuária”, destacou.
De acordo com a diretora científica do Instituto Brasileiro de Bioeconomia (Inbbio), Gabriela Alegretti, a reconstrução do Estado evidencia a necessidade de soluções para potencializar a competitividade, e isso passa pelo escoamento dos insumos e produtos para tornar o agro cada vez mais forte.
Durante as apresentações das soluções pelas startups, representando a Celeiro Hub – Nutrindo Soluções, Luciana Malinsky, salientou o aperfeiçoamento do trabalho da agroindústria familiar a partir da inteligência artificial e da plataforma Power BI como ferramentas de gestão. Guilherme Gehlen, da startup Hortti, falou sobre o uso de soluções tecnológicas e estratégias empresariais para promover a sustentabilidade na cadeia de suprimentos de hortifrutigranjeiros.
Sistemas produtivos resilientes
O segundo painel, que ocorreu à tarde, tratou da importância de desenvolver sistemas produtivos resilientes. As discussões se focaram em práticas que permitem ao agronegócio se adaptar a variabilidades climáticas e outros desafios. Os palestrantes apresentaram estratégias para fortalecer a capacidade de resposta dos sistemas produtivos, como a diversificação de culturas, o uso de novas tecnologias e a implementação de práticas sustentáveis.
O professor do programa de pós-graduação em Administração da Atitus Educação, Dieisson Pivoto, que mediou o debate, constatou que a resiliência no campo depende não apenas das inovações tecnológicas, mas também de um ambiente regulatório favorável e do acesso a financiamento para investimentos em infraestrutura e capacitação dos produtores.
Segundo o gerente de pesquisa da CCGL, Geomar Corassa, criar sistemas resilientes permite mitigar os efeitos de eventos meteorológicos da magnitude como o de maio deste ano. “Tivemos impactos nas esferas química, física e biológica da terra que afetarão ainda as próximas safras. São fatores que trazem desafios para a agricultura, exigindo novas soluções, não só do produtor, mas de todos os integrantes do ecossistema rural”, observou.
O diretor de Ações Integradas da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), Alexandre Scheifler, enalteceu a adoção de culturas de inverno para aumentar a produtividade, além de tornar o solo mais resistente. “A SDR tem trabalhado de forma intensa junto aos agricultores familiares, buscando essa aproximação entre empresas que detêm tecnologia, a academia com o conhecimento teórico e prático e o próprio produtor”, relatou.
Na etapa das soluções, o gestor da startup Bioplix, Luan Rios Paz, falou sobre revestimentos comestíveis para ampliação da vida útil de frutas, legumes e verduras. Já o CEO da empresa Green Next, Lucas Cardoso, explicou o funcionamento do ecossistema Hydra, composto por um conjunto de equipamentos para medição autônoma dos níveis em canais de irrigação, barragens e comportas.
Ao longo do dia, representantes do Banrisul e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) expuseram as ações das entidades para fomentar a inovação e o desenvolvimento de políticas agropecuárias.
Os painéis do Diálogos pelo Agro seguem com uma programação voltada para a troca de conhecimentos entre governo, iniciativa privada, academia e sociedade civil organizada, buscando difundir soluções aplicáveis ao agronegócio. Na quarta-feira, 28, o futuro da agricultura no Rio Grande do Sul e a rastreabilidade de alimentos gaúchos como ferramenta de procedência de origem e qualidade serão debatidos no evento.