Bancos e fintechs poderão oferecer crédito diretamente via PIX, com o lançamento da modalidade parcelada, prevista ainda para o mês de setembro. A medida, articulada pelo Banco Central, promete ampliar o acesso ao crédito no Brasil, mas também acende um alerta no setor financeiro sobre os desafios operacionais e de segurança digital. A cientista de dados Beatriz Lima, Chief Data Officer (CDO) da Data Rudder, empresa especializada em inteligência antifraude, aponta que o novo modelo exigirá foco ainda mais preciso nas respostas em tempo real.
Para a especialista, o parcelamento do PIX pode representar um avanço importante na democratização do crédito. “Pessoas que nunca tiveram acesso a crédito poderão utilizar o PIX, com o qual já estão familiarizadas, para realizar compras parceladas. Isso inclui também pequenos empreendedores que antes não aceitavam cartão de crédito por conta das taxas de maquininhas”.
Segundo dados do Banco Central, o número de brasileiros bancarizados passou de 179 milhões em 2020 para 200 milhões em 2025, impulsionado principalmente pelo uso massivo do PIX. A expectativa do mercado é que o modelo parcelado acelere ainda mais esse movimento, mas a inovação carrega também novas camadas de risco.
A ampliação do acesso ao crédito pode ser um fator de risco para a inadimplência entre usuários sem histórico financeiro. Há também um alerta para sobre-endividamento, já que muitos consumidores podem enxergar o PIX parcelado como uma linha de crédito adicional, sem considerar seu impacto na capacidade de pagamento, embora as instituições financeiras já atuem nos cuidados para fornecimento de crédito, mesmo antes do PIX parcelado, visando a redução de possíveis prejuízos. “Além disso, é preciso considerar o fator fraude”, destaca a cientista de dados. “Golpistas tendem a se aproveitar do desconhecimento sobre novas funcionalidades, como ocorreu em outras fases do PIX. A facilidade de parcelamento pode ampliar o apelo de armadilhas comuns, como falsas vendas em redes sociais e marketplaces”.
Nesse cenário, a detecção precoce de padrões suspeitos se torna essencial. “Será necessário monitorar o comportamento histórico dos usuários e identificar movimentações que destoem do perfil habitual, antes mesmo da liquidação da primeira parcela”, completa Beatriz.
Novos dados no centro da estratégia
A estrutura antifraude já existente para o PIX tradicional seguirá válida, mas a complexidade da análise aumentará com a introdução de variáveis como valor das parcelas, número de prestações e taxas de juros. A velocidade continua sendo um fator crítico, já que decisões precisam ser tomadas em milissegundos, sem comprometer a experiência do usuário.
Beatriz reforça que tecnologias com base comportamental continuarão sendo o caminho mais eficaz para prevenir golpes. “Já utilizamos padrões de contaminação de contas e clusters suspeitos para interromper fraudes em tempo real no PIX tradicional. Esses mecanismos continuarão relevantes no PIX parcelado, permitindo a detecção de crimes ainda na primeira tentativa de operação”, afirma.
Inteligência preditiva
A utilização de dados próprios também tende a ganhar protagonismo. A Data Rudder defende a importância de estudos contínuos, que levantam percepções de usuários e mapeiam tendências de fraude no ambiente digital. “Essas pesquisas orientam decisões estratégicas e ajudam o mercado a se preparar para as mudanças regulatórias. Entender o comportamento de quem usa o PIX, e como ele muda com o tempo, é fundamental para antecipar novas modalidades de golpe”, finaliza Beatriz.
Sobre a Data Rudder
A Data Rudder é uma empresa certificada pela norma ISO 27001 e responsável pela única plataforma nativa brasileira de tecnologia antifraude, desenvolvida para entender e operar o ecossistema financeiro nacional. Com expertise em PIX, PLD-FT e interoperabilidade bancária, atua como parceira estratégica de bancos e fintechs, conectando inteligência de dados à conformidade regulatória.