Ainda que a inteligência artificial generativa esteja em destaque nas conversas sobre inovação e tecnologia, ao observarmos a realidade das empresas brasileiras percebemos que sua adoção enfrenta muitos obstáculos. O relatório “Mapa da GenAI no Brasil”, conduzido pelo TEC.Institute em parceria com a MIT Technology Review Brasil com 350 executivos de diferentes níveis hierárquicos, revelou que somente uma pequena parte das companhias no país está realmente aproveitando os benefícios da tecnologia. Mas o que exatamente impede sua ascensão por aqui?
Acredito que um dos maiores empecilhos é a baixa maturidade das empresas. Outros dados do levantamento destacam que apenas 5% das organizações brasileiras conseguiram um retorno financeiro significativo com a IA generativa, sendo que somente 7,9% delas integraram essa tecnologia de forma completa em seus processos. Ou seja, ainda existe um grande descompasso entre o entusiasmo pela adoção e a capacidade real de implementação e aproveitamento.
Atualmente, vemos companhias investindo em ferramentas isoladas, mas sem uma estratégia estruturada, gestão de dados consolidada e equipes preparadas para interpretar e aplicar os resultados que a IA pode oferecer. Esse cenário reflete uma resistência à mudança, combinada com uma falta de conhecimento sobre como aproveitar o potencial da IA de forma eficaz. Muitas organizações ainda estão experimentando a tecnologia, sem planejar uma implementação robusta que possa maximizar seus benefícios.
Outro desafio da adoção efetiva da tecnologia no Brasil é a ausência de lideranças claras. Nesse sentido, o relatório destaca que 75% das empresas não possuem um profissional dedicado a essa área, o que pode levar a confusões e discussões sem propósito, resultando em soluções ineficazes, perda de dinheiro e reputação. O contexto atual pede por líderes que estejam cientes das nuances da IA generativa e saibam como navegar por ela com maestria, visto que eles são os principais responsáveis por dirigir a transformação digital e garantir que a tecnologia seja usada da melhor forma possível para alavancar os negócios.
Mas, em paralelo, há ainda os aspectos éticos e regulatórios, que também são fatores críticos na adoção da IA no país. Está cada vez mais claro que desenvolver políticas que garantam o uso responsável da IA precisa ser uma prioridade para as companhias para evitar problemas legais e danos na reputação, mas o relatório revela que embora 56,6% das empresas vejam a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) como um elemento importante, 50% ainda não têm regras claras sobre seu uso ético.
Por fim, um dos maiores desafios é a diferença entre o que se discute (teoria) e o que é realmente implementado (prática). Apesar do reconhecimento da importância da IA, as empresas ainda hesitam em dar o próximo passo, causando um descompasso que pode ser um reflexo da falta de liderança e baixa maturidade em relação à tecnologia. O fato é que a transformação digital requer coragem e visão, e somente quem conseguir superar essas barreiras conseguirá aproveitar as oportunidades que a IA pode proporcionar aos negócios e a sociedade como um todo.

