O Brasil é um país de dimensões continentais, onde a infraestrutura digital convive com contrastes: grandes centros urbanos com acesso ultrarrápido à internet e vastas áreas remotas ainda dependentes de conexões via satélite. Nesse cenário, o Space-IX, projeto da operadora alemã DE-CIX para criar o primeiro Internet Exchange em órbita, pode representar uma virada de jogo. A iniciativa busca integrar satélites LEO (Órbita Terrestre Baixa) a pontos de troca terrestres, criando uma infraestrutura orbital capaz de oferecer latência reduzida (20–50 ms) e banda larga escalável. O objetivo é que operadores de satélite, provedores de nuvem e plataformas digitais consigam trocar dados entre si diretamente no espaço, sem depender de rotas mais longas e congestionadas na Terra.
De acordo com o gerente de Desenvolvimento de Negócios do Sul da Europa, África e América Latina da DE-CIX, Darwin da Costa, a dependência da conectividade via satélite torna o Brasil um candidato ideal para os benefícios do Space-IX. “Ao integrar redes de satélites LEO com IXs terrestres, o Space-IX pode melhorar a velocidade e a expansão de banda para regiões mais carentes, isso significa um acesso facilitado à diversas ferramentas digitais, como plataformas educacionais e de saúde, por exemplo”.
Além disso, Darwin da Costa destaca que o projeto espacial pode fortalecer as redes móveis brasileiras por meio de backhaul via satélite (trecho da rede que conecta os sistemas de acesso ao núcleo da rede), oferecer suporte à computação de ponta para indústrias locais e aumentar a resiliência em cenários de recuperação de desastres.
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Impacto esperado
Setores como logística, defesa, agricultura e mobilidade, especialmente aqueles que operam em ambientes remotos ou mobile, serão os primeiros a se beneficiar da tecnologia espacial. “O Space-IX permitirá a troca de dados em tempo real para sistemas autônomos, sensoriamento remoto e operações distribuídas”, ressalta Darwin da Costa.
No Brasil, o impacto pode ser ainda mais significativo em setores estratégicos como, por exemplo, monitoramento ambiental na Amazônia, cadeias de suprimento em áreas de difícil acesso e projetos de cidades inteligentes em regiões afastadas.