Da proteção às vítimas à responsabilização dos criminosos: mais de 6,3 mil policiais militares, civis e técnico-científicos do estado de São Paulo se especializaram no combate ao tráfico de pessoas, crime que transcende fronteiras e afeta cidadãos de todas as idades, gêneros e nacionalidades. A iniciativa começou em julho do ano passado.
Agora, as forças de segurança paulista possuem um olhar mais orientado sobre como enfrentar o crime, aliado ao uso da tecnologia de reconhecimento facial, como a do Muralha Paulista, que é ligado ao banco de dados de pessoas desaparecidas. O programa também permite integrar dados relacionados a casos desse tipo, o que contribui para o sucesso das investigações. Essa base de dados unificada permite o rápido rastreamento de suspeitos e organizações criminosas que financiam e lucram com essa violação.
Por ser um crime que tem relação com outros tipos de delitos como o tráfico de drogas e armas, além do trabalho análogo à escravidão e exploração sexual, o tráfico de pessoas não é tão simples de ser identificado. Por isso, três dos principais temas abordados no curso são a identificação em situações cotidianas, aspectos e materialidade do crime e rede de apoio às vítimas, conforme aponta o coordenador geral do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), João Henrique Martins.
O protocolo de estudos foi elaborado por especialistas após a assinatura de um convênio entre a Secretaria da Segurança Pública (SSP) e a Organização Internacional não governamental The Exodus Road, como parte de uma política pública de enfrentamento ao tráfico humano.
João Henrique explica que há um olhar atento da sociedade para identificar possíveis crimes, bem como a humanização e empatia no atendimento às vítimas. “Outro ponto crucial para elucidação dos casos são os aspectos e a materialidade do crime, com análise das características de locais de cárcere privado e exploração sexual, porque tudo isso fará parte da cadeia de custódia das provas. Os acolhimentos às pessoas nessas condições em casas de passagem e abrigos especializados também foram citados porque não basta somente resolver os crimes, é necessário prestar essa ajuda da melhor maneira possível”.
Policiais que atuam próximos de aeroportos, portos e terminais rodoviários, considerados “portas de entradas” de vítimas nessas condições, tiveram preferência para receber o treinamento.
Especialização
O projeto-piloto do curso se iniciou em 30 de julho do ano passado por agentes que atuam na zona norte da capital paulista, onde está localizada a Rodoviária do Tietê — a maior da América Latina — e por ter histórico envolvendo o tráfico de pessoas.
Os policiais que trabalham na área do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, também receberam o treinamento na fase inicial, com prazo de 30 dias para a conclusão.
Devido aos resultados positivos e à importância de tratar do assunto, a especialização foi ampliada aos agentes que atuam nos municípios de Campinas, Guarujá e Santos, o que totalizou, até agora, 6.364 policiais capacitados.
(Com: Agência SP)