Quando o assunto é inovação e startups, é comum pensar no avanço da inteligência artificial, em salas com computadores de última geração, algoritmos para processar dados e claro, não podemos esquecer a famosa planilha de Excel. No meio de tanta tecnologia, o primeiro dia da Gramado Summit recebeu um palestrante que não é lá muito chegado no assunto. E foi, no palco Negócios Conscientes, que Paulo César Tinga falou sobre “Gestão além da planilha”. Com irreverência e muito bom humor, o ex-jogador de futebol contou um pouco sobre sua trajetória profissional, como enfrentar medos, despertar a autoestima, transformar ideias em ações e como o tempo que jogou na Alemanha ajudou a transformá-lo numa pessoa melhor.
Tá, mas onde entra a “Gestão além da planilha”? Tinga disse que a escolha do título da palestra ocorreu de forma inusitada. “Só se falava em planilha de Excel. Só se falava que a tecnologia ia tirar o espaço do ser humano. E eu nunca acreditei nisso. Sem o ser humano nada acontece”.
Com simplicidade, Tinga disse que a melhor maneira de gerir pessoas é conversando. “As pessoas não querem conversar. Os grandes problemas ocorrem porque a gente não conversa. Sempre alguém sabe quem está certo ou errado”. O ex-jogador de futebol comparou a gestão de pessoas com o ambiente de concentração. “Nos meus mais de 20 anos de futebol, eu devo ter dividido o quarto com mais de 500 jogadores, de diversos países. Eu conheci histórias de atletas que dormiram no banco da rodoviária. Quando nós íamos para dentro de campo, a gente corria pela história um do outro. Hoje, a gente não faz isso porque não se conhece. A gente sabe mais do celular do que da pessoa que convive e trabalha com a gente”.
Colorado desde criança, Tinga revelou que um dos maiores elogios que recebe é quando um torcedor gremista diz que não acredita que ele é colorado. “Antes de vestir a camisa de qualquer empresa, eu estava vestindo o meu sonho. Eu tinha o sonho de dar uma casa para a minha mãe. Quando você é fiel ao teu sonho, naturalmente você vai ser fiel a qualquer empresa”.
Transição de carreira
Engana-se quem pensa que a transição de carreira foi fácil para Tinga. Quando parou de jogar futebol, ele disse que as pessoas falavam só haver duas opções: ser treinador ou empresário. “Será que nesse mundo gigante, com um monte de profissão que nem nome tem ainda, será que eu só posso fazer essas duas coisas? E hoje, estou eu aqui fazendo o segundo maior medo da população, que é falar em público. Nós podemos mais!”.
Quando começou a ser palestrante, Tinga revelou que precisou superar a desconfiança. “O pessoal me contratava desconfiado. Eu era o pacote pro cara desconfiar. Hoje, as pessoas conhecem o além da planilha. É o ser humano, somos nós. Nós somos os grandes protagonistas da nossa história”.
Fome de aprender
A curiosidade foi algo que sempre impulsionou Tinga. Foi assim que aprendeu sobre maratona, pedalar, gerir pessoas e, ajudar o próximo. Para ele, o Fome de Aprender é mais do que um projeto itinerante. “A gente pode pegar um simples ônibus e construir dentro dele uma cozinha, servir diversos almoços para moradores de rua todos os dias. O maior projeto social da história é a geração de emprego e estar empregado. Eu só faço isso porque eu estou empregado e estou bem. Quando eu morava na Restinga, eu nunca ajudei ninguém. Por quê? Porque eu não tinha para ajudar”.
Chamando atenção da sorte
Você já se perguntou se a sorte é real ou simplesmente uma ilusão? Buscando responder a essa pergunta, Tinga contou um pouco sobre seu livro, que recebeu o nome de Chamando Atenção da Sorte, publicado em 2023. Conta a trajetória de 45 anos de sua busca pela própria chance, com muita sorte. “Como eu não sei se a sorte existe ou não, eu sigo chamando a atenção dela. Trabalhando”.