O Acordo de Paris completa dez anos nesta sexta-feira, 12, e segue como um marco da cooperação internacional no enfrentamento à mudança do clima. Para a presidência da COP30, o compromisso foi essencial para desacelerar o aquecimento da Terra e incentivar a ambição na redução de emissões dos gases do efeito estufa.
Negociado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), o compromisso foi adotado em 2015, na COP21, pelas 195 partes participantes. O tratado determina que os países devem agir para limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC.
Para o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, o acordo foi decisivo para destravar a ação climática em um momento crítico. “Há dez anos, a ação climática estava emperrada, com muitos obstáculos. O Acordo de Paris possibilitou dar uma nova dinâmica ao combate à mudança do clima”.
Segundo Corrêa do Lago, os avanços obtidos desde então já se refletem nas projeções científicas. “À época das negociações, a ciência indicava que o mundo caminhava para um aumento de cerca de 4°C na temperatura média global. Agora, graças aos esforços realizados desde o Acordo de Paris, nós estamos em 2,5°C. Mas, ainda precisamos evitar ultrapassar 1,5 °. Então, há muito a ser feito”.
O presidente da COP30 ressaltou ainda que o Acordo comprova que a diplomacia pode gerar resultados concretos no enfrentamento à mudança do clima. “A união entre a ciência e a diplomacia é o caminho para conter a mudança do clima”.
Reflexão
As celebrações dos dez anos do Acordo de Paris ocorreram ao longo do ano em diversas ocasiões, como a Semana do Clima e Natureza de Paris, em outubro, e também durante a COP30, em novembro. Na Cúpula do Clima de Belém, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, organizaram uma sessão temática para refletir sobre os avanços alcançados em uma década do acordo.
Na ocasião, os líderes chamaram atenção para a importância das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) – que são o passo a passo de como cada país irá atuar para diminuir a emissão de gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta.
“Precisamos não apenas implementar o que já foi acordado, mas também adotar medidas adicionais capazes de preencher a lacuna entre a retórica e a realidade”, disse o presidente brasileiro durante a sessão, apontando também a necessidade de financiamento para a implementação do acordo.

Círculos da COP30
Além disso, participou também da Cúpula do Clima de Belém o ex-ministro de Relações Exteriores da França (2012-2016), Laurent Fabius, que presidiu a COP21 – quando foi assinado o Acordo de Paris.
“Devemos acreditar na ciência quando ela afirma que é necessário implementar o que já foi decidido em relação à finança, em relação à transição de combustível, em relação ao que já foi acordado”, disse Fabius.
O presidente da COP21 é também o líder do Círculo de Presidentes da COP30. O grupo tinha como objetivo pensar soluções para acelerar a implementação do Acordo de Paris e o fortalecimento do multilateralismo e a governança climática global. Este e outros três círculos temáticos da COP30 mobilizaram ações em áreas-chave das negociações climáticas.

