Ao utilizar este site, você concorda com a nossa política de privacidade e termos de uso.
Aceitar
starten.techstarten.techstarten.tech
Redimensionador de fontesAa
  • hubs
  • notícias
  • oportunidades
  • carreira
  • colunistas
  • artigos
  • pt
    • pt
    • en
Leitura: Inteligência Artificial e Adam Smith: divisão do trabalho
compartilhar
Redimensionador de fontesAa
starten.techstarten.tech
  • hubs
  • notícias
  • oportunidades
  • carreira
  • colunistas
  • artigos
pesquisar
  • quem somos
  • manifesto
  • contato
siga starten.tech>
2023 © starten.tech. Todos os direitos reservados.
starten.tech > notícias > colunistas > Inteligência Artificial e Adam Smith: divisão do trabalho
colunistas

Inteligência Artificial e Adam Smith: divisão do trabalho

Nicolau Ramalho
Última atualização: 10/12/2025 14:13
Nicolau Ramalho - CCO da Noleak Defence e apresentador do @I.Agora-cast
compartilhar
compartilhar

Lembra de Adam Smith e a divisão do trabalho? A especialização do trabalho gera mais riquezas? Ou seja, a constatação de que a alocação de mão de obra não especializada para a execução de um determinado ofício é ineficiente, portanto, a divisão do trabalho para se gerar conhecimento e atuações especializadas em cada ofício consegue produzir mais riqueza em função da velocidade e qualidade do resultado do trabalho final produzido? A Inteligência Artificial faz exatamente isso no mercado de trabalho.

Em 2016, pesquisadores de Harvard e MIT, em um desafio de pesquisa e desenvolvimento sobre detecção de câncer a partir de exames de imagens alcançaram 92,5% de assertividade, enquanto que o time de médicos patologistas humanos apresentaram 96,6% de detecção correta da doença. Este fato apresentado isoladamente pode indicar que a máquina não é tão capaz quanto o humano na efetividade desta tarefa e não deveria ser utilizada para esta função, correto?

O que foi feito a seguir evidencia a correta utilização da Inteligência Artificial. A combinação do algoritmo desenvolvido neste desafio e a intervenção humana destes mesmos médicos patologistas aumentaram o resultado assertivo para 99,5%.

O humano é muito assertivo para identificar em qual imagem há um câncer. No desafio realizado, foram poucas as vezes em que o médico afirmou erroneamente que havia câncer em uma determinada imagem. Já a máquina se provou muito eficiente no contrário, em apontar os exames em que não havia câncer. O humano e a máquina apresentaram especializações distintas e ao reconhecer as habilidades de cada um, combinar o trabalho de ambos gerou a redução de erros na detecção de câncer em 85%.

Isso é em essência a aplicação da teoria da divisão e especialização do trabalho apresentada por Adam Smith.

Essa é uma forte argumentação sobre a questão de que a máquina está tirando o trabalho humano. Fica evidente que ela complementa o trabalho humano e assim como toda especialização de ofício, é saudável para que nós possamos executar nosso trabalho de forma ainda melhor, gerando ainda mais riqueza para a vida em sociedade. Ou será que alguém acha que uma maior acuracidade na detecção de câncer não seria uma gigante evolução para nossa vida?

É claro que como toda evolução, há que se adaptar o trabalho para a eficiência de se ter um ajudante preciso, efetivo e acessível como a I.A. Sem dúvidas, precisamos investir na qualificação profissional sobre como cada um pode adaptar o aprendizado de máquina dentro do seu ofício. Cursos e atualizações são fundamentais nessa etapa da nova divisão do trabalho que está sendo proposto.

Há algumas tecnologias que estão presentes na I.A. exatamente para facilitar essa transição para o trabalho combinado do homem e máquina. Neste momento o NLP (Natural Language Processing) Processamento de Linguagem Natural que foi popularizado pelo Chat GPT mais recentemente, tornou acessível às massas a realização de programações relativamente avançadas em máquinas, redes neurais e IoT, por pessoas que antes não tinham capacidade técnica para fazê-lo. Aliás, não tinham nem mesmo consciência de que seria possível realizar esse tipo de programação de forma simples. Sobre essa tecnologia, vale a pena visitar outro artigo de minha autoria já publicado aqui no LinkedIn em que falo sobre qual foi a real contribuição do Chat GPT para a I.A.

Claro que uma premissa básica para o profissional buscar educar-se sobre um tema é sua ambição profissional, curiosidade e vontade intrínseca de evolução. Não havendo essa tríade – o que é completamente aceitável e natural – de fato seu emprego está em risco, mas não pela Inteligência Artificial, mas sim por sua própria vontade. Neste ponto, vale a pena a discussão sobre transição de carreira e até mesmo sobre uma mudança mais profunda em relação à mão de obra disponível, desemprego e êxodo urbano.

Não há que se argumentar sobre esse ponto. Se a pessoa em questão não tem em sua essência vontade de evoluir profissionalmente, para o bem da sociedade é melhor mesmo que ele seja realocado em funções que ele se sinta mais confortável e feliz. Por isso entendo a proposta de se criar programas de transição profissional em massa ou até mesmo sobre a renda básica universal, que é defendida dentre outros, por Barack Obama, Bill Gates e Mark Zuckerberg. Afinal, principalmente para estes, é importante que quem não for contribuir com a melhoria da sociedade pelo menos não atrapalhe essa evolução.

Percebam que isso vai de encontro ao pensamento de que a Inteligência Artificial iria tomar empregos. Pelo contrário, ela está gerando mais valor ao trabalho de quem a utiliza, permitindo um maior valor agregado de forma acessível e uma escala maior de trabalho individual, sem prejuízo à qualidade.

Sempre digo que a tecnologia não tem poder, mas quando aplicada, ela muda quem tem. Ou seja, com a tecnologia, o trabalho não é disruptado – para usar o termo mais recente de mudança radical nos modelos de negócios – o trabalho é de fato transformado.

Aliás, não é a tecnologia que faz a disrupção, a pessoa sim. Mas isso está melhor apresentado no artigo sobre “Inovação requer mudança organizacional sistêmica, inclusive no modelo de negócio”.

Postscriptum[1]

Medir o impacto disso no mercado de trabalho no futuro poderá ser surpreendente, como foi medir o impacto da internet para o trabalhador. Conforme estudo da McKinsey[2],  para cada posto de trabalho que foi extinto pela internet, outros 2,6 postos foram criados em função da tecnologia. A internet é responsável por 3,4% do PIB em 13 países cobertos pelo estudo, dentre eles, o Brasil.

Fazendo um paralelo entre o momento da criação da primeira conexão TCP/IP do país com uma rede estrangeira, considerado o nascimento da internet brasileira, lá em 1991 e a escalada da Inteligência Artificial que estamos vivendo, lá nessa gênese, não se sabia para que a rede seria usada. Órgãos reguladores argumentavam que não seria preciso fazer essa conexão pois poderíamos perder controle sobre informações que saiam do Brasil, e olha que não estamos falando de um período ditatorial.

Conforme Demi Getschko, responsável por fazer essa conexão à época em meu podcast[3], o SEI – Sistema Eletrônico de Informações, órgão que regulava a gestão de dados públicos no país, afirmava que se o interesse for a transmissão de uma informação privada, como por exemplo informações entre empresas, a rede deveria ser privada e não pública.

Apesar de não sabemos toda a aplicação possível da Inteligência Artificial hoje, para que rumo isso irá em 10 ou 20 anos, a certeza de que a I.A. impactará muito mais empregos, geração de renda e criação de valor para indivíduos, empresas e países é tão grande quanto o impacto positivo da internet na economia como estamos vendo.

O homem biônico já existe, mas ele não é metade máquina metade homem. Ele é todo homem e todo máquina, ainda assim produzem um resultado individual e único, essa é a nova geração de COBOTs ou robôs colaborativos. Conforme esta reportagem[4] da National Geografic, homem e robô já habitam o chão de fábrica de maneira irreversível e isso não quer dizer que a máquina está substituindo o humano, mas sim potencializando seu trabalho. As máquinas no chão de fábrica estão se tornando mais “amigáveis”, menores, mais leves, flexíveis, baratas e dinâmicas. Principalmente, tornando-se especialistas em parte do trabalho, não no todo.

Essa tendencia, sob minha ótica, é exponencializada pela I.A. e começa a ser transversal não só no chão de fábrica, mas em todas as indústrias e mercados. Da mesma forma que um operador em uma linha de montagem de veículos utiliza um braço mecânico para lhe ajudar a montar uma porta de 150 quilos no lugar e outro tipo de robô está monitorando a quantidade de porcas e parafusos que estão ali na sua mesa de trabalho, e buscando novas quando necessário, a I.A. está presente no computador de um advogado corporativo, ajudando a comparar peças jurídicas com base no histórico de decisões de uma corte específica, analisando em segundos toda a jurisprudência existente sobre o caso.

Os números são impressionantes. Com a utilização de COBOTs, algumas fábricas da BMW tornam-se 85% mais produtivas. O mais curioso é que conforme estudo da Accenture publicado na Harvard Business Review, a otimização de produção deve ser alocada para a criação de mais valor na cadeia produtiva e não na redução da força de trabalho: “os que a utilizam principalmente para substituir empregados obterão ganhos de produtividade apenas a curto prazo”. Ou seja, toda otimização gerada pela tecnologia deve ser alocada em gerar um melhor posicionamento competitivo ao mercado e não em simples redução de custo e aumento de margem bruta. O resultado da adoção desta última estratégia não gera sustentabilidade de longo prazo. Alocar essa otimização na busca por maior qualidade, identificar melhor valor ao usuário, entender melhor como encontrar ainda mais percepção de valor na cadeia produtiva, isso sim traz longevidade ao negócio e um melhor posicionamento competitivo.

Qual o papel do humano nessa história? A sinergia homem-máquina vai muito além do impacto no trabalho. Assim como usamos a tecnologia para expandir nossa capacidade atuando nos limites do humano – aquele operário da BMW não poderia levantar sozinho uma porta inteira com uma mão e com a outra, encaixar no veículo – a máquina precisa do humano justamente naquilo que é a sua limitação: criatividade e consciência.

Para o maior banco suíço (SEB) conseguir desenvolver um bot potencializado com I.A. para seus clientes, milhares de horas de ligações com clientes felizes e chateados foram cuidadosamente selecionados pelos treinadores humanos para que a I.A. identificasse o padrão de excelência no atendimento. Além disso, apesar da I.A. conseguir identificar o nível de estresse do cliente pela voz com certa facilidade, o que fazer com essa informação é algo que certamente precisou do humano para aprimorar a I.A. no atendimento.

O humano teve então um papel fundamental na construção do melhor atendimento possível pela máquina, mas e no atendimento? Ele foi completamente substituído? Pelo contrário, ele foi valorizado. Enquanto a Aida[5] (bot do banco) interagem com milhões de clientes diariamente, inclusive atuando como um agente de I.A. e não só um assistente, em 30% dos casos ela não consegue resolver e o cliente é atendido por um humano. Ainda assim, a Aida não abandona o atendimento, ela acompanha para ajudar o humano na análise do caso e resolução do problema.

Observem que houve a valorização do trabalho humano em todos esses exemplos. A máquina foi usada sempre onde estavam os limites do trabalhador. Este foi desonerado de funções repetitivas, pouco valorosas e até mesmo insalubres para aplicar seu conhecimento, sensibilidade, criatividade, consciência e pensamento estratégico por outro lado, justamente nos limites da máquina. O mercado de trabalho, dessa forma, já está habitado por androides, mas não com forma humana, não há necessidade disso, mas sem dúvida, a produção final do trabalho é feita pela interação cada vez mais profunda da interação máquina-homem.

Voltamos ao Adam Smith sobre a teoria de mais valor, que é em sua essência exatamente a aplicação dos nossos recursos onde há mais vantagem competitiva. Aplicar todo o potencial humano em funções de pouco valor é subutilizar nossos melhores recursos. Construir um super-humano já é uma realidade cotidiana, o trabalho que produzimos em diversas funções pode ser considerado dessa forma com a potencialização da interação de máquina-homem. Na outra mão, desumano é manter o homem em funções que não valorizam o que temos de melhor, nossa criatividade, consciência e pensamento estratégico.

[1] Inspiração para essa complementação ao texto original: DIAMANDIS, Peter H.; KOTLER, Steven. O Futuro É Mais Rápido Do Que Você Pensa. Local: Editora, Ano da Publicação.
[2] https://www.mckinsey.com/~/media/mckinsey/industries/technology%20media%20and%20telecommunications/high%20tech/our%20insights/internet%20matters/mgi_internet_matters_exec_summary.pdf

[3] https://youtu.be/_9pgqw5Ak18?si=j0REqYeanHiZv6wO.

[4] https://www.nationalgeographic.com/science/article/financial-times-meet-the-cobots-humans-robots-factories.

[5] https://hbr.org/2018/07/collaborative-intelligence-humans-and-ai-are-joining-forces.

TAGS:tecnologia
Por Nicolau Ramalho CCO da Noleak Defence e apresentador do @I.Agora-cast
Co-founder e CCO (Chief Commercial Officer) da Noleak Defence, startup que leva Inteligência Artificial Autônoma, com capacidade cognitiva através de redes neurais e deep learning aplicado à visão computacional. Já foi executivo na área comercial de multinacionais como Prosegur (Segurpro), Indra (Minsait) e Hamburg Süd (Maersk). Na esfera acadêmica é Bacharel em Comércio Exterior pela Universidade de Fortaleza e complementou sua formação com o MBA em Gestão de Empresas pelo IBMEC. Também atua como consultor de startups e empresas que buscam inovação, transformação digital e disrupção de mercado. Além de promover palestras, cursos e conteúdos sobre o tema.
Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ad imageAd image

últimas notícias

Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação elege nova diretoria
Tags: inovação
Como a IA generativa está transformando o processo qualidade de produtos digitais
Tags: opinião
Instituto Caldeira lança campanha para instalar centro de monitoramento urbano no 4º Distrito
Tags: mobilização
Na era da IA, InvestPlay se consolida como parceria estratégica de instituições financeiras 
Tags: startups
Websérie “Faz a Conta” estreia no YouTube com humor e informação para prevenir golpes digitais
Tags: educação

notícias relacionadas

tech

Itaú lidera ranking de performance de apps bancários em 2025; conheça o top 5

4 Min leitura
tech

Santa Catarina lança programa SCTEC para qualificação em tecnologia e no uso de IA

6 Min leitura
hubs

BASE Digital anuncia a aquisição da startup Atendo e reforça posicionamento estratégico como parceira de grandes empresas em transformação digital 

6 Min leitura
hubs

Assespro Review 2025 & Meetup SecOps IA destaca segurança digital e tendências de tecnologia para 2026

3 Min leitura

editorial

starten.tech: jornalismo digital que traduz o dinamismo local para o contexto global de inovação, startups e tecnologia.

🏆vencedor do Brasil Publisher Awards 2024 na categoria “Melhor site de Tecnologia”.

sugira uma pauta

(51) 99990-3536
[email protected]

tags

agtech artigos carreira colunistas cursos editais edtech especial eventos femtech fintech foodtech geek govtech healthtech hubs lawtech legaltech logtech oportunidades Sem categoria tech vagas

cadastre-se

starten.techstarten.tech
siga starten.tech>
2024 © starten.tech. Todos os direitos reservados.
  • quem somos
  • contato
  • política de privacidade
  • termos de uso
Vá para versão mobile
Welcome Back!

Sign in to your account

Perdeu sua senha?