Da órbita terrestre à Lua e, no futuro, até Marte. O espaço representa uma fronteira estratégica e econômica com potencial de movimentar trilhões de dólares. Mas para viabilizar essa nova era de exploração e negócios espaciais, um elemento é indispensável: conectividade de alta performance. É nesse contexto que a DE-CIX, uma das principais operadoras de pontos de troca de tráfego de internet (IX) do mundo, está construindo, por meio da iniciativa Space-IX, a infraestrutura digital que irá interligar a Terra ao espaço.
De acordo com a McKinsey e o Fórum Econômico Mundial, a economia espacial deve crescer 9% ao ano, mais que o PIB global na próxima década. Até 2035, a receita global deverá saltar dos atuais US$ 630 bilhões para US$1,8 trilhão, alcançando a escala da indústria de semicondutores.
A corrida global pela interconectividade espacial
A dependência de tecnologias em órbita já faz parte da rotina global, desde sistemas de navegação aérea e transporte marítimo, à agricultura de precisão e comunicações móveis. Governos estão acelerando investimentos estratégicos para garantir soberania digital e competitividade econômica nesse novo cenário espacial.
Nos EUA, a Força Espacial coordena iniciativas públicas e privadas que atuam em conjunto para proteger os interesses do país no espaço. Na Europa, o programa IRIS² prevê 290 satélites próprios. Já no Brasil, o Centro de Lançamento de Alcântara se consolida como ativo estratégico. Programas como o SGDC e o Wi-Fi Brasil ampliam a conectividade em regiões remotas, fortalecendo a infraestrutura nacional para a economia espacial.
Entretanto, os benefícios não se limitam ao setor econômico. Segundo o Fórum Econômico Mundial, setores como logística, transporte, agricultura e defesa serão amplamente beneficiados. Mas a conectividade espacial também poderá impulsionar monitoramento climático, resposta a desastres, inclusão digital e desenvolvimento social.
Um novo mundo digital
Os satélites de órbita baixa (LEO) já revolucionam a conectividade ao diminuir a lentidão das conexões, ou seja, impulsionando a velocidade, tornando aplicações avançadas mais viáveis de redes móveis em áreas remotas a sistemas de backhaul e IoT.
Para expandir esses avanços, a DE-CIX e o Centro Aeroespacial Alemão (DLR) trabalham no projeto OFELIAS, da Agência Espacial Europeia. A meta é desenvolver, até 2026, protocolos, algoritmos e procedimentos inteligentes para otimizar o tráfego de dados entre satélites e estações terrestres, usando comunicação a laser. Essas conexões baseadas em laser permitem larguras de banda maiores e fluxos de informação mais rápidos do que os métodos tradicionais de sinais de rádio.
Conectividade no Brasil
A DE-CIX chegou ao Brasil em 2025, presente em São Paulo e Rio de Janeiro, e hoje é um importante e crescente hub de conectividade da América Latina. Essa infraestrutura robusta é essencial para suportar não apenas a economia digital atual, mas também a futura economia espacial, garantindo velocidade, resiliência e escalabilidade para aplicações avançadas.
Segundo estimativas da Deloitte, a economia baseada em satélites LEO pode movimentar US$ 312 bilhões até 2035. Essa conectividade permitirá internet em regiões isoladas, cobertura móvel em aviões e navios, e comunicação em futuras bases lunares e missões a Marte.
Um exemplo concreto vem da Nokia, que instalou uma rede 4G/LTE na Lua, em um modelo de como futuras infraestruturas espaciais se integrarão à internet terrestre.
Data centers em órbita: o futuro da IA no espaço
Outra fronteira em expansão é a dos data centers orbitais. A União Europeia está estudando a implantação de 1 GW de capacidade em data centers espaciais até 2050. Resfriados naturalmente pelo vácuo e alimentados por energia solar, esses centros poderão hospedar modelos avançados de IA, com custos operacionais mais baixos e impacto ambiental reduzido.
Space-IX: o primeiro IX fora da Terra
Assim como os pontos de troca de tráfego de internet (IXs) conectam redes na superfície, a Space-IX prepara o caminho para interconectar redes em órbita. A DE-CIX já trabalha no primeiro IX no espaço, começando pela interconexão de satélites LEO. O objetivo é uma interconexão contínua entre Terra e espaço, integrando usuários, aplicações, nuvens e conteúdos além da escala terrestre.
“A interconexão é a espinha dorsal do mundo digital, e será também a base da infraestrutura espacial. Com o Space-IX, queremos conectar a infraestrutura em órbita da mesma forma que conectamos os continentes na Terra”, afirma o CEO da DE-CIX, Ivo Ivanov.

