Um relatório lançado no início de julho pelo Sebrae, durante a plenária da Aliança Empresarial de Mulheres do Brics (WBA, na sigla em inglês para Women’s Business Alliance of Brics), no Rio de Janeiro/RJ, mapeou as principais barreiras enfrentadas por mulheres empreendedoras no Brasil. Segundo o estudo “Mulheres empreendedoras em movimento: superando barreiras de crédito”, 53% das empreendedoras têm dificuldade em acessar crédito, e 29% afirmam já ter tido um pedido de financiamento negado por serem mulheres. A pesquisa ainda revela que 59% das entrevistadas não sabem a quem recorrer para obter orientação sobre financiamento. O levantamento reforça a urgência de iniciativas como o Programa EVA, que vai além da capacitação: promove liderança, amplia o acesso a redes de apoio e cria oportunidades reais.
Idealizado por Danielle Cosme, a iniciativa é realizada pelo Clã Conexões e pela Secretaria Extraordinária de Inclusão Digital e Apoio às Políticas de Equidade (Seidape), com parceria estratégica da Rede RS Startup e Elas Prosperam, e apoio institucional do CIEE-RS, FIAP e Alura. O EVA chega à sua segunda edição com um propósito claro: capacitar, conectar e impulsionar mulheres à frente de negócios inovadores e startups em diferentes regiões do Estado do Rio Grande do Sul. “É um movimento de fortalecimento da liderança feminina, principalmente no ecossistema de inovação. O EVA combina mentorias personalizadas, workshops estratégicos, apoio psicológico e emocional, além de experiências presenciais em hubs de inovação. Tudo isso para impulsionar mulheres com alto potencial de impacto em inovação e tecnologia”, explica Danielle.
O programa, que está com inscrições abertas até o dia 31 de julho, é direcionado a fundadoras e líderes de negócios inovadores e oferece uma jornada de desenvolvimento pessoal e coletivo. “Com o EVA, elas têm acesso a uma rede de suporte real. É uma experiência que traz visibilidade, pertencimento e acelera trajetórias”, completa Danielle.

Uma rede que nasceu para apoiar
A primeira edição, realizada em 2024, foi viabilizada de forma voluntária e superou as expectativas: 98 inscrições, sendo 29,9% de mulheres negras e pardas, 127 horas de mentorias, 12 especialistas, além de participantes de oito estados e 14 cidades. “O EVA mostrou o quanto ações como essa são necessárias e urgentes. As participantes continuam em contato até hoje e, mais do que isso, agora retornam como mentoras ou madrinhas na segunda edição”, conta Danielle. Segundo ela, o apoio emocional, a escuta ativa e a construção coletiva foram os principais aprendizados da etapa inicial.
Ver mulheres que não se viam como líderes e hoje se posicionam como mentoras de outras mulheres é um dos principais legados. Elas assumiram suas potências. E agora, querem multiplicar esse efeito.
Idealizadora do Programa EVA, Danielle Cosme.
Ao relembrar os resultados da primeira edição, Danielle se emociona ao falar sobre a evolução das participantes. “Teve uma empreendedora do interior que nunca tinha participado de nada parecido. Meses depois, estava palestrando na Gramado Summit. Ela se descobriu como líder”. Outro caso citado foi de uma participante que gravou um podcast sozinha para uma grande marca, algo que antes nem imaginava ser capaz. “Esses são os resultados que nos movem. Mais do que ver os negócios se desenvolvendo, é sobre ver essas mulheres se sentindo potentes e capazes”, destaca Danielle.
Novidades da segunda edição
A segunda edição do Programa EVA terá início em agosto, com atividades que se estendem até novembro. O número de workshops online passou de quatro para seis, com temáticas voltadas à liderança, gestão, inovação e uso de tecnologias como inteligência artificial generativa. A jornada também inclui mentorias individuais com especialistas, acompanhamento psicológico durante o ciclo, ferramentas práticas de gestão, inovação e liderança, rodada de negócios com investidores e conexão com outras líderes de impacto do ecossistema. Além disso, o programa ganhou novos parceiros institucionais, que enxergaram no EVA uma oportunidade de transformação concreta. “Incluímos também trilhas de mentoria mais personalizadas e benefícios exclusivos para as participantes, como bolsas e descontos em cursos”, destaca Danielle.
Entre os diferenciais da edição 2025, Danielle aponta a presença ativa das participantes anteriores. “As primeiras Evas voltam como madrinhas, oferecendo apoio individual a quem está entrando agora. É uma rede de liderança que se fortalece a cada ciclo”.
Barreiras ainda presentes exigem ações concretas
Mesmo com avanços, as dificuldades enfrentadas por mulheres líderes no ecossistema de startups ainda são numerosas. Segundo o relatório Women in the Workplace 2024, da McKinsey, empresas que promovem a diversidade de gênero, especialmente em posições de liderança, têm maiores chances de superar a concorrência. O estudo revela ainda que organizações com maior representatividade feminina em cargos de alto escalão (C-level) possuem 25% mais probabilidade de apresentar lucros acima da média. Outros fatores estruturais, como a solidão na jornada empreendedora, o acúmulo de funções e a baixa representatividade em espaços de decisão, também travam o crescimento das mulheres no setor. “O EVA atua diretamente nesses pontos, abrindo horizontes e oferecendo suporte. Queremos um ecossistema mais equitativo, com mais mulheres ocupando os espaços de liderança com preparo e autenticidade”, aponta Danielle.
A idealizadora do EVA deixa um recado direto para mulheres que desejam liderar negócios inovadores. “Sonhar grande é necessário, mas construir esse sonho com estratégia e rede de apoio é fundamental. O EVA é um convite para ocupar com coragem os espaços que já são nossos por direito, com preparo, autenticidade, visão de futuro, capacitação e potencialização”.
A mensagem final é clara: enquanto os números sobre mulheres na liderança ainda revelam um cenário desigual, iniciativas como o EVA mostram que é possível, e urgente, reescrever essa história a partir da ação coletiva e do fortalecimento de redes de confiança.
Como apoiar
Existem diferentes formas de apoiar o Programa EVA, desde cotas de patrocínio por edição ou por encontros, até o apoio institucional por meio da divulgação e indicação de participantes. “É muito fácil ser parceiro do EVA. Nossa agenda está aberta, o coração também. Quanto mais gente conosco, maior o impacto que conseguimos gerar”, destaca Danielle.
Para saber mais, acesse: Programa EVA no Clã Conexões.