A proposta para o primeiro Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) foi apresentada ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na última terça-feira, 30. O projeto foi entregue na abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), no Espaço Brasil 21, em Brasília. O plano prevê a compra de um dos cinco supercomputadores mais potentes do mundo e investimento de até R$ 23 bilhões em quatro anos.
O PBIA, encomendado por Lula ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) no início do ano, tem como objetivo nortear o desenvolvimento e a aplicação ética e sustentável da inteligência artificial no Brasil. O plano aborda diretrizes para pesquisa e desenvolvimento até a regulamentação de práticas que garantam a segurança e a privacidade dos cidadãos. O investimento de R$ 23 bilhões virá do orçamento, do FNDCT, de contrapartidas do setor privado, entre outras fontes de recursos.
Consulte a proposta do PBIA aqui.
Para Lula, a proposta dos cientistas brasileiros é um marco para a história do nosso país. “O que vocês apresentaram não pode ficar numa gaveta. Nossa inteligência artificial tem de ser inteligente. E temos de fazer dela uma fonte para gerar empregos para nosso país e formar milhões de jovens preparados para esse debate. O Brasil precisa aprender a voar. Não pode ser dependente a vida inteira, precisamos ter ousadia para fazer as coisas acontecerem”.
A ministra Luciana Santos afirmou que o plano tem ousadia e é viável ao mesmo tempo, é robusto e factível. “Tem um investimento público que se compara aos da União Europeia. Vamos chegar com força e apresentar alternativas viáveis para o Brasil”.
Infraestrutura avançada
A proposta pretende equipar o Brasil com infraestrutura tecnológica avançada com alta capacidade de processamento e alimentada por energias renováveis, incluindo o novo supercomputador. Também prevê desenvolver modelos avançados de linguagem em português, com dados nacionais que abarcam nossas características culturais, sociais e linguísticas.
Luciana Santos comemorou a retomada do diálogo e da escuta da sociedade. Segundo ela, a conferência é resultado da determinação política do governo, que recompôs o FNDCT, permitindo o investimento de R$ 10 bilhões em 2023, e da dedicação dos cientistas nacionais, que conceberam o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial.
No PBIA, foram delineadas 31 ações em diferentes áreas e com impacto a curto prazo, voltadas para resolver demandas urgentes na saúde, educação, meio ambiente, setor agrícola, indústria, comércio e serviços, desenvolvimento social e gestão do serviço público.
Saiba mais
Com o tema “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido”, a 5CNCTI, que segue até quinta-feira, 1, é o principal fórum de debates sobre o futuro da ciência no país. O evento, que volta a acontecer após 14 anos, com 320 palestrantes, discute as prioridades das políticas públicas do setor. A 5CNCTI é realizada pelo MCTI e organizada pelo CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), com apoio de diferentes entidades do setor e da sociedade civil.
O principal objetivo da conferência é construir a nova Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) até 2030, de acordo com decreto presidencial, e definir ações concretas para os próximos anos. Entre os principais assuntos estão desafios urgentes como inteligência artificial, mudanças climáticas, transição energética, nova política de industrialização, financiamento à ciência e tecnologia.
A solenidade contou com a presença da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e do secretário-geral da conferência, Sérgio Rezende, além de representantes do governo, cientistas, entidades e demais representantes da sociedade civil.