A programação do Centro de Inteligência do Agronegócio, da Secretaria da Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict), na 48ª Expointer neste sábado (6), incluiu painéis que discutiram o futuro do setor, especialmente para as novas gerações. Os debates foram realizados no espaço do governo do Estado, junto ao Pavilhão Internacional.
O painel “Do Campo ao Futuro: Inclusão e Empreendedorismo Rural”, mediado pela diretora de Gestão da Inovação da Sict, Emily Bittencourt, abordou especialmente o tema da permanência do jovem no campo. A presidente do Instituto CooperConecta, Raquel Taschetto Budó, explicou que a entidade trabalha com a formação de jovens que se identificam com o agronegócio, mas que, por algum motivo, não estavam nem trabalhando, nem estudando na área. “O Instituto CooperConecta foi criado por produtores rurais com o objetivo de transformar a realidade dos jovens, oferecendo capacitação alinhada às demandas do agro. Com foco na inclusão produtiva e no fortalecimento do campo, o Instituto prepara esses jovens para atuarem no agro com qualificação, alcançando alta empregabilidade”, revelou a produtora rural.
A presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Antônia Scalzilli, destacou que a imagem que muitas pessoas têm do agro, como um setor não preocupado com o meio ambiente e com o futuro do planeta, é equivocada e que serão as novas gerações que vão mudar essa imagem. “Durante muito tempo, o produtor rural acreditou que bastava trabalhar duro e que os resultados falariam por si. Com o tempo, esse silêncio fez com que ele perdesse o controle da narrativa sobre sua própria realidade. Hoje, acredito que os jovens têm um papel fundamental para mudar esse cenário”, defendeu Scalzilli.
Já Amanda Rosado, presidente da Comissão Jovem da Farsul, por sua vez, enfatizou a importância da participação do jovem no cenário político e sindical rural para defender e vivenciar da realidade do agro. “A participação jovem é essencial para garantir que nossa geração esteja preparada para construir ativamente a realidade do agro. Precisamos ocupar os espaços com consciência, conhecimento e protagonismo”, disse.
Inovação agrícola
Também com um olhar para o futuro do setor, o painel “Inovação Agrícola 4.0: Tecnologias e Impactos Sustentáveis”, mediado pela diretora de Ambientes de Inovação da Sict, Andréia Dullius, apresentou cases de sucesso. O diretor da unidade Embrapii InovaAgro, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Maurício Oliveira, disse que atualmente a equipe trabalha com 30 projetos de inovação, incluindo um para monitorar as perdas de grãos nos silos em tempo real. “O monitoramento em tempo real de grãos armazenados em silos é uma tecnologia que está revolucionando a forma como lidamos com a pós-colheita. Ao permitir o acompanhamento constante das condições internas do silo, conseguimos agir de forma preventiva e muito mais eficiente, reduzindo em até 30% as perdas”, garantiu.
O vice-diretor do InovaAgro da UFPel, Edinalvo Camargo, detalhou um programa para catalogar ervas daninhas. “Antes, o monitoramento no campo era manual e baseado na experiência do produtor. Hoje, com sensores conectados e Internet das Coisas (IoT), o agro vive uma nova era de precisão. Projetos como bancos de imagens de plantas daninhas são essenciais para treinar sistemas que diferenciam culturas de invasores com mais eficiência”, pontuou Camargo.
Já o coordenador do LabConectaNos da UFPel, Maiquel Canabarro, compartilhou a experiência de uma startup que criou uma armadilha inteligente para moscas da fruta. “A armadilha inteligente para identificação de moscas da fruta é um exemplo claro de como a tecnologia pode ser aplicada de forma prática e eficiente. Muitas vezes, as boas ideias no agro esbarram em limitações técnicas, e as startups trazem soluções criativas, acessíveis e que fazem a diferença na rotina do produtor”, apontou.