Inteligência artificial jamais saberá descrever uma roda de samba

Belkis Rosa - Cofundadora e CEO da BL Consulting.

Essa semana, vi uma postagem em uma rede social, com a frase do título deste artigo (de mais um autor desconhecido da web), e ela tem muito a ver com negócios, proposito e tecnologia.

É sabido que a inteligência artificial faz muita coisa, como otimizar tarefas, prever tendências, agilizar o dia a dia. É uma indiscutível o quanto pode ser útil. Porém a IA, ainda não sabe o que fazer quando a palma esquenta, o corpo arrepia e o tamborim chama: “vem pra roda!”.

Ou seja, como ser autêntica! Porque nesse momento, não tem dado, prompt ou automação que dê conta.

É preciso sentir — e isso, nenhuma máquina fará por nós.

Há quem diga que no mundo dos negócios, a IA virou protagonista. Mas passado o fascínio, vem minha inquietação: O que acontece com o humano quando o algoritmo começa a decidir por nós? Qual é o papel da emoção em tempos de produtividade extrema?

Um artigo do MIT Sloan Review nos lembra que o dilema real não é “como a IA vai nos substituir”, mas sim: o que decidimos preservar como essencialmente humano nesse processo.

Eu como apreciadora de uma boa música, é aí que a roda de samba entra. Com ginga, com entrega, com verdade. Ela é mais do que uma expressão cultural — é um lembrete vivo de tudo aquilo que a tecnologia não consegue simular.

É uma tarefa na minha vida que não quero otimizar!

A inteligência artificial pode compor. Pode cantar. E paramos por aí. A roda de samba é mais que música — é resistência ancestral. É encontro, escuta, improviso. É liderança sem crachá, sem palco. É entrega no coletivo. Não há organograma. Mas há ritmo compartilhado. Não há pitch. Mas há conexão verdadeira. Cada um tem voz, mas ninguém brilha sozinho.

Se você pensa em negócios inovadores, diversos e sustentáveis, precisa gerar pertencimento. E só quem sente é capaz de gerar pertencimento. Pra quem lidera, empreende ou constrói negócios com propósito, te convido a refletir sobre esses quatro itens que, na minha visão, norteiam esse tipo de negócio:

Inclua a emoção na estratégia. Equipes que se sentem seguras, pertencentes, acolhidas, criam mais, aprendem juntas e não têm medo de errar.

Faça da escuta sua melhor tecnologia. Seja presença. Deixe o celular de lado quando falar com seu time. A escuta mostra por que elas fazem.

Valorize a diversidade além dos indicadores. Perceba quem ainda não tem voz — e crie espaço pra que ela apareça.

Lidere com propósito, não só com performance. Métricas são importantes, mas é a cultura que sustenta uma empresa no tempo. A forma como você pensa quando constrói um negócio já dirá muito sobre a cultura organizacional da sua empresa.

Sim, a inteligência artificial vai continuar evoluindo (ainda bem!). Vai fazer mais, mais rápido e talvez até com mais “precisão”.

Mas ela não vive a tensão da dúvida, não sente o frio na barriga de liderar algo novo, não vibra com uma equipe que vence junta. E não importa o quanto avance, ela jamais saberá descrever uma roda de samba.

Porque tem coisa que só se entende estando dentro. Porque há potência no improviso.

E porque, no fim, só quem sente é capaz de transformar.

Nos encontramos por aí, nas redes sociais. Ou quem sabe… na próxima roda.

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Por Belkis Rosa Cofundadora e CEO da BL Consulting.
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Belkis Rosa é cofundadora e CEO da BL Consulting, consultoria especializada em projetos, treinamentos e palestras sobre gestão de pessoas, liderança, empreendedorismo, diversidade e inclusão. É administradora com especializações em Diversidade e Inclusão, Gestão de Pessoas, Tecnologias para Educação e ESG, além de possuir MBA em Diversidade e Inclusão. Empreendedora de impacto, é idealizadora da MOVI, uma startup em aceleração que desenvolve soluções de localização indoor/outdoor para promover a autonomia de pessoas.
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