O edital da Finep e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para selecionar propostas para atração, implantação ou expansão de Centros de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PD&I) no Brasil, recebeu 618 propostas que somam R$ 57,4 bilhões em investimentos. Desse total, R$ 51,9 bilhões são recursos pleiteados junto às duas instituições financeiras.
Do total de propostas, 368 (59,5%) têm como foco exclusivo a implantação de novos centros que representam investimentos de R$ 37,8 bilhões – o equivalente a 65,9% do valor apresentado, dos quais R$ 34,7 bilhões seriam financiados por BNDES e FINEP. São 201 (32,5%) propostas com investimentos previstos (totais ou parciais) nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, totalizando R$ 16,1 bilhões (28%) em investimentos.
As propostas apresentadas também indicam a contratação de 4.501 mestres e 2.754 doutores, totalizando 7.255 pesquisadores qualificados. Cada proposta prevê, em média, 11,7 pesquisadores qualificados. Todas as propostas indicam a contratação mais de 28 mil funcionários para compor as equipes, representando uma média de 46 novos profissionais por proposta.
De acordo com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, a ampliação da área dedicada a PD&I representa uma mudança estrutural na capacidade do país de inovar, com potencial de aumentar a competitividade da indústria nacional e, em última linha, gerar desenvolvimento para o país. “O conhecimento científico aplicado tem potencial para transformar estruturalmente os negócios, tornando-os desenvolvedores de cada vez mais novos projetos, além de gerar oportunidades para mestres e doutores”.
Para o presidente da Finep, Luiz Antônio Elias, a atração de centros de pesquisa e desenvolvimento é fundamental para o Brasil, pois impulsiona a inovação, o crescimento econômico, e aumenta a produtividade e a competividade. “Em um mundo em profundas transformações tecnológicas disruptivas, nações mais desenvolvidas têm no avanço da pesquisa e inovação as bases para a construção de uma sociedade mais justa e soberana, e de uma economia do conhecimento. Para a Finep, apoiar esses projetos significa fortalecer a indústria nacional, expandir as fronteiras do conhecimento, gerar empregos qualificados e promover o desenvolvimento sustentável em todas as regiões do país”, afirma.
A chamada pública, cujo orçamento originalmente anunciado é de R$ 3 bilhões, prevê o uso de diferentes instrumentos financeiros, incluindo crédito, participação acionária, recursos não-reembolsáveis para projetos cooperativos entre empresas e instituições tecnológicas e subvenção econômica, operados pelo BNDES ou pela Finep. Foram apresentadas propostas de empresas nacionais e, também, de multinacionais com sede em diversos países, como Alemanha, Japão, Coréia do Sul, Holanda, Singapura, Suíça, Estados Unidos, Itália e Luxemburgo, entre outros.
Centros de PD&I
São instalações que compreendem laboratórios, plantas piloto, plantas de demonstração e outras instalações de uso exclusivo para atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação. Suas atividades abrangem desde pesquisa básica e aplicada até o desenvolvimento de produtos, testes, validação, além de colaboração com universidades e instituições científicas.
No cenário internacional, os incentivos governamentais são fundamentais para atrair centros de PD&I de empresas multinacionais. Países como China e Índia oferecem incentivos diretos voltados a setores estratégicos, como eletrônica e farmacêutica. Japão e Holanda oferecem benefícios fiscais. No Reino Unido empresas de pequeno e médio porte, podem obter incentivos fiscais de até 175%, enquanto grandes empresas recebem 130%.