Em evento do Sinapro-RS, mercado publicitário gaúcho debate como a IA está impactando e transformando a criatividade, os profissionais e a cultura das agências

Fórum reuniu mais de 50 lideranças do mercado publicitário gaúcho, em Porto Alegre/RS, trazendo diversas reflexões e insights sobre como a IA está mudando a indústria criativa e como enfrentar esse novo desafio.Foto: Thiago Corrêa @correath / Divulgação.

Tem inovações que são realmente transformadoras e a entrada da inteligência artificial (IA) no fazer criativo, nos processos e no dia a dia das agências de propaganda é uma delas. A tecnologia está provocando grandes revoluções no mercado da indústria criativa e é vista como uma das maiores inquietudes e um dos maiores desafios atuais a serem enfrentados. Mas como as agências estão lidando internamente com isso? Como seus profissionais estão absorvendo e se capacitando para trabalhar com a tecnologia? De que maneira ela está transformando toda a indústria criativa? E como os clientes entram nessa relação e percebem valor no trabalho criativo e estratégico das agências com toda essa transformação? Essas e muitas outras reflexões reuniram mais de 50 lideranças do mercado publicitário gaúcho no Frente a Frente, principal fórum do setor promovido pelo Sistema Nacional das Agências de Propaganda do Rio Grande do Sul (Sinapro-RS), na última quinta-feira, 26, na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em Porto Alegre/RS.

O encontro teve casa cheia e provocou inúmeras reflexões, discussões e questionamentos dos participantes. E não por acaso. O tema “Inteligência Artificial e a Cultura da Mudança nas Agências” é uma das maiores dores atuais da indústria criativa e o que as lideranças presentes fizeram foi compartilhar insights, experiências e buscar soluções conjuntas para esse desafio que é coletivo. Como destacou o presidente do Sinapro-RS, Juliano Brenner Hennemann, no final do evento: “Oportunizamos um debate essencial sobre o impacto da IA no dia a dia das agências. Mais do que tecnologia, o destaque foi para as pessoas, e isso ficou evidente com mais de 50 líderes das principais agências do RS reunidos em um encontro que revela a maturidade de um mercado que escolhe evoluir de forma coletiva”.

IA em debate nos painéis

Três convidados trouxeram suas visões e percepções sobre o tema e compartilharam como suas agências têm surfado nos desafios e oportunidades da nova tecnologia. O Frente a Frente contou com painéis de Alexandre Skowronsky, fundador e CEO da Global, Fábio Henckel, sócio e CCO da SPR, e Roberto Ribas, CSO da Brivia. Em todas as falas, alguns pontos foram convergentes: é fato que a IA está transformando a publicidade, a cultura, os profissionais e os negócios do setor, e a chave para se manter relevante e competitivo no mercado está na capacidade de adaptação e aprendizado contínuo para o novo, aliados à cultura e gestão de pessoas, afinal são elas que continuarão liderando a inteligência criativa e as máquinas.

Fábio Henckel, Roberto Ribas e Alexandre Skowronsky foram painelistas no Frente a Frente. | Foto: Thiago Corrêa @correath / Divulgação.

Skowronsky foi o primeiro a falar, destacando o novo contexto desafiador provocado pela IA com pelo menos três impactos importantes na indústria criativa: revolução tecnológica, cultural e regulatória. “Desde o advento da internet é a tecnologia mais transformadora que tivemos e o nosso setor está no epicentro desta virada de era. Podemos fazer uma analogia com o automóvel, quando ele surgiu trouxe novos desafios e tivemos que aprender muita coisa. Com a IA é a mesma coisa, será necessário reaprender o modo de fazer as coisas. Vamos ter que combinar inteligência, cultura e agilidade nesta jornada transformadora”.

Henckel instigou a plateia a pensar e a traçar um paralelo mental entre como era antes e após a IA, utilizando para esse exercício alguns prompts e o pensamento divergente. “Temos que pensar o que não era possível fazer no dia a dia das agências antes da IA. Os ganhos que ela trouxe é que nos levarão para outros patamares na publicidade”, provocou.

Ribas fechou o painel compartilhando como a Brivia está trabalhando a IA internamente, com a equipe, nos escopos e nos processos, e os resultados que estão sendo colhidos. “Muitas agências e empresas usam a ferramenta para produtividade, operações internas ou para desenvolver novas soluções. No nosso caso estamos usando a IA principalmente para melhorar a nossa entrega de valor com a plataforma que chamamos de Briv.ia”, contou, detalhando o funcionamento, aplicabilidade e integração da ferramenta com outras metodologias utilizadas.

O Frente a Frente é exclusivo para agências associadas ao Sistema Sinapro/Fenapro, consolidando-se como o mais importante fórum das lideranças do setor para a troca de experiências, interação e discussão das boas práticas do mercado. O bate-papo entre as lideranças das empresas tem como propósito trazer insights para potencializar o negócio das agências, reforçando o compromisso do Sinapro-RS com o fomento da gestão das associadas e com o fortalecimento do mercado criativo gaúcho. O evento tem apoio da Associação Riograndense de Propaganda (ARP) e da ESPM.

Confira abaixo a opinião de quem acompanhou de perto

Acho fundamental na medida em que a IA é uma matéria nova que todos ainda estão aprendendo e que tem influenciado muito no dia a dia. Como foi comentado nos painéis e debates, muitos clientes trazem o argumento a fim de tentar reduzir o investimento nos Fees das agências. É legal ver como cada agência está lidando com isso e compartilhar neste ambiente coletivo e colaborativo. Isso é fundamental para pensar no que fazer daqui para a frente. Na nossa agência utilizamos IA mais nas áreas de mídia, criação e planejamento e percebemos que na equipe algumas pessoas aderem mais fácil e outras são mais resistentes à tecnologia e ao novo.

Head de performance da Protarget, Renan Rodel da Silva.

Cuido da operação da empresa e pra mim o evento foi de suma importância pelo viés criativo, para mostrar como essas ferramentas de IA estão sendo inseridas dentro do contexto de criação, mas principalmente na parte de rentabilidade contratual e de escopo e treinamento de profissionais. As falas dos painelistas foram fundamentais ao trazerem informações no sentido de que, sim, precisamos de uma essência criativa para poder participar, mas como trazer essa essência criativa, esse timesheet, esse escopo diferenciado para dentro do contrato atual que temos com o cliente? Esse é o nosso maior desafio hoje, porque no final das contas os profissionais estão se adequando cada vez mais, estão em treinamento e a agência dá subsídios para que eles façam as entregas com mais qualidade. Mas isso faz com que todo esse investimento operacional da agência em cima da sua principal força motriz, que são os profissionais, seja trazido para dentro de um contrato de Fee ou para um projeto e é preciso que o cliente perceba valor nisso. Cada vez mais o Frente a Frente está mostrando que não estamos aqui como concorrentes, mas como a força do meio e das agências do Sul, para que consigamos passar juntos esse novo grande desafio.

Sócia e COO da Be Nice To People, Fernanda Kubiack.

Esse é um debate essencial porque o que está sendo em um certo sentido ameaçado – ou dependendo de como a gente reagir ou potencializar – é a indústria criativa brasileira. O Brasil tem alguns dos melhores trabalhos publicitários do planeta, com diversas premiações, e essa camada de tecnologia está ameaçando essa criatividade. Esse debate precisa ser feito e precisamos nos apropriar da tecnologia e usar ela a nosso favor para apoiar a nossa criatividade, talvez até desenvolver soluções nossas. É um horizonte que merece ser perseguido.

CEO da Veraz, Paulo Cezar da Rosa.
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