GovTech Summit 2025 reforça conexão entre inovação e setor público

Pedro Barbosa - editor
Evento sediado em Porto Alegre/RS reuniu representantes de 20 estados e marcou o lançamento do GovTech Place, plataforma que aproxima gestores públicos e startups com soluções escaláveis e sustentáveis.

Nos dias 29 e 30 de maio, Porto Alegre/RS sediou o GovTech Summit 2025, evento que vem se consolidando como o principal ponto de encontro entre inovação e gestão pública no Brasil. Realizado no Centro de Eventos da PUCRS, o encontro reuniu representantes de 20 estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal, além de autoridades, lideranças acadêmicas, startups e empresas de base tecnológica.

Para a CEO do GovTech Lab e head do evento, Téo Foresti Girardi, o saldo da edição é positivo, especialmente pela consistência da participação, a diversidade dos painéis e o engajamento do público. “O evento foi um sucesso. A participação foi bastante consistente, tanto nos painéis quanto nas empresas e startups presentes. O evento chancela a importância e relevância da pauta da transformação digital no setor público e de compras públicas inovadoras”.

Téo entende que, mais do que um evento de inovação, o GovTech Summit tem se proposto a ser um articulador de ecossistemas, aproximando atores que historicamente operam em esferas paralelas: o setor público e o universo das startups. “Muitas vezes o setor de inovação acaba ficando restrito aos hubs e às universidades, enquanto o setor público segue em outro ritmo. Está mais do que na hora de aproximar esses dois universos”.

A conexão entre governos e soluções tecnológicas de impacto não acontece de forma espontânea. Por isso, um dos grandes anúncios do evento foi o lançamento oficial do GovTech Place, uma plataforma que estrutura um marketplace nacional de soluções govtech voltadas à gestão pública, reunindo tecnologias validadas e categorizadas por áreas temáticas, além de oferecer ferramentas para lançamento de desafios e contratação com segurança jurídica. “O GovTech Place é uma ferramenta pensada justamente para ser o ponto de encontro entre o setor público e as startups. O evento cria esse espaço onde experiências que acontecem em diferentes estados e setores podem ser compartilhadas e ganharem escala”, explica Téo.

A primeira fase da plataforma já está no ar e conta com apoio da Fapergs, do UK-Brazil Tech Hub e do Tecnopuc. Trata-se do primeiro resultado concreto da parceria firmada entre os três atores, voltada ao fortalecimento da cooperação internacional em inovação pública.

CEO do GovTech Lab e head do evento, Téo Foresti Girardi. | Foto: Cassius Souza.

Resiliência e resposta à crise climática

A edição de 2025 também foi marcada pela discussão sobre resiliência climática, tema sensível especialmente no Rio Grande do Sul, que enfrentou recentemente uma das maiores catástrofes naturais de sua história. A experiência de 2024, quando as enchentes atingiram dezenas de municípios gaúchos, reforçou a urgência de conectar governos a soluções mais ágeis e inteligentes. “Em 2024, quando fizemos um levantamento em parceria com a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (Sict), identificamos startups atuando diretamente no apoio aos municípios em plena situação de emergência. Muitas dessas soluções emergenciais estiveram no GovTech Summit, expondo no evento”, lembra Téo.

Painéis sobre reconstrução, adaptação climática e o uso de dados para prevenção de desastres naturais integraram a programação dos dois dias. Participaram nomes como a secretária da Sict, Simone Stülp, o secretário de Parcerias e Concessões, Pedro Capeluppi e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, todos destacando o papel da inovação como alicerce para governos mais preparados.

Inovação que chega ao cidadão

Outro ponto recorrente nos painéis do GovTech Summit foi o cuidado para que a inovação pública não se restrinja aos debates técnicos ou aos ambientes de tecnologia. “A gente precisa pensar em inovação que resolva problemas reais e que chegue em quem mais precisa”, afirma Téo. Segundo ela, o risco de a tecnologia virar uma bolha, desconectada da realidade das pessoas, é real, especialmente quando se ignora o desafio da desigualdade sociodigital. Dados do IPEA, apresentados no evento, mostram que, embora 1.782 municípios brasileiros já ofereçam algum serviço digital, apenas 724 permitem acesso via login Gov.br, o que representa menos de 13% do total. Essa lacuna, avalia Téo, exige investimentos contínuos em conectividade, capacitação e interoperabilidade entre plataformas.

O Brasil na agenda global GovTech

O GovTech Summit 2025 reforçou o papel do Brasil como ator relevante na construção de um modelo de governo mais eficiente, transparente e responsivo. Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial citado por Téo durante sua fala de abertura, o mercado GovTech tem potencial para gerar até US$ 9,8 trilhões em valor público global até 2034.

“Eventos como esse criam um ambiente de escuta, troca e construção coletiva. E mostram que o Brasil tem muito a contribuir com a agenda govtech internacional, especialmente ao incluir temas como equidade, sustentabilidade e inovação aberta em sua pauta”, destaca Téo.

Para além das tecnologias e plataformas, a fundadora do GovTech Lab reforça que o que está em jogo é uma nova cultura de governança, mais próxima do cidadão, aberta à colaboração e preparada para responder aos desafios complexos do século 21.

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Por Pedro Barbosa editor
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Jornalista e Mestre em Comunicação, ambos pela Unisinos. Possui pós-graduação - MBA em Design Digital e Branding e pós-graduação em Gestão da Tecnologia da Informação, ambos pela Uninter. Já atuou no setor público e privado, tendo trabalhado no governo do Estado do Rio Grande do Sul, com deputados estaduais, federais, no Jornal NH e no Parque Tecnológico São Leopoldo - Tecnosinos.
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