Negócios que transformam: Acelera Impacto aposta em liderança e propósito para mudar realidades sociais e ambientais

Pedro Barbosa - editor
Programa reúne dez startups gaúchas comprometidas com desafios sociais e ambientais, combinando aceleração, mentorias e formação de lideranças para o impacto.

Impacto não é tendência, é ponto de partida. Foi com essa premissa que o programa Acelera Impacto deu início à sua primeira edição, reunindo representantes de dez startups da Região Metropolitana do Rio Grande do Sul. O encontro, que foi realizado na última quarta-feira, 14, no espaço do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac no Instituto Caldeira, em Porto Alegre/RS, marcou não apenas o início de uma jornada de aceleração, mas a consolidação de uma nova forma de pensar o desenvolvimento: aquela que vê o impacto socioambiental como o centro, como essência do modelo e não como um acessório decorativo.

Voltado a empreendimentos que enfrentam desafios sociais e ambientais com inovação, viabilidade e intenção, o Acelera Impacto é uma iniciativa da Ventiur Smart Capital, em parceria com a Viggas. Dez startups foram selecionadas para participar da primeira turma do programa, que terá nove meses de duração, combinando encontros presenciais e mentorias online com foco em impacto, liderança, modelo de negócio e preparação para captação de investimentos.

Durante sua fala de abertura, a sócia da Viggas, Aurélia Melo, explicou que o Acelera Impacto representa uma resposta concreta a uma pergunta urgente: como desenvolver negócios que produzam valor para além do lucro? “Estamos falando da geração de capital humano, social e ambiental. Capital humano é acesso à educação, à saúde, à cidadania. Capital social é inserção em redes de relacionamento, acesso à informação, consciência ambiental. Tudo isso está ligado ao desenvolvimento como liberdade”. Para ela, a economia de impacto abraça isso tudo. “É um modelo econômico que busca gerar valor, mas não de qualquer forma. A gente não está aqui para fazer negócios com impacto, mas negócios de impacto. Esse é o diferencial”.

Aurélia propôs uma distinção importante entre modelos de negócios: os que nascem para resolver um problema de mercado (e incorporam práticas sustentáveis) e os que nascem para resolver um problema social ou ambiental, tendo o impacto como atividade-fim. “Negócios com impacto são sustentáveis, sim. Mas negócios de impacto existem porque precisam transformar uma realidade. São esses os que buscamos impulsionar”, reforçou.

Uma jornada pensada em espiral

A estrutura do Acelera Impacto, como explicou a sócia da Viggas, Vanessa Batisti, foi desenhada em formato híbrido e construído coletivamente entre as organizações parceiras. “Desde o projeto inicial, pensamos tudo em conjunto. Não é um programa genérico. Ele foi desenhado para apoiar o desenvolvimento dos negócios de impacto socioambiental real”.

A trilha formativa foi organizada em blocos que intercalam conteúdo técnico e desenvolvimento pessoal. Ao longo de nove meses, as startups terão acesso a workshops presenciais sobre liderança, diversidade, análise de modelo de negócio, marketing, finanças, propriedade intelectual e indicadores de impacto. Também participarão de encontros online com a equipe da Ventiur Smart Capital sobre captação, incentivos e investimento de risco.

Além disso, cada negócio receberá mentorias individuais quinzenais, com foco em diagnóstico, acompanhamento e validação de estratégias. “Nosso objetivo é criar um espaço de formação, mas também de escuta, troca e conexão com o ecossistema”, reforçou Vanessa.

Investimento com intenção

A head de Cultura e Pessoas na Ventiur Smart Capital, Cris Pellegrin, reforçou a importância de pensar o investimento como ferramenta para gerar transformação. “O capital de risco pode, e deve, estar a serviço do impacto. Não se trata de escolher entre impacto e retorno financeiro. Se o modelo for sólido, o impacto é justamente o que gera valor econômico”.

Cris entende que o ecossistema brasileiro tem evoluído, mas ainda enfrenta desafios quando o assunto é capital paciente, especialmente para negócios de base comunitária, liderados por mulheres e com foco em regiões periféricas. “Programas como o Acelera Impacto ajudam a preparar essas lideranças, fortalecer suas propostas e conectá-las aos investidores certos”.

Em pitches de três minutos cada, startups contaram um pouco sobre suas soluções.

As 10 startups selecionadas

  1. Ampliar Luz e Lar (Porto Alegre/RS)
    Fundada dentro da periferia, a empresa leva energia solar fotovoltaica para comunidades de baixa renda. O projeto Luz Segura já está em execução, com foco em instalações seguras e autossuficientes.
  • Criaeco (Novo Hamburgo/RS)
    Transforma resíduos naturais, como a palha de bananeira, em tecidos duráveis e sustentáveis. A startup trabalha com inovação radical, conectando comunidades produtoras ao mercado de moda consciente.
  • DU99 (Porto Alegre/RS)
    Propõe reformas de um dia em instituições sociais, utilizando a arquitetura como ferramenta de transformação e impacto comunitário. Com mais de 40 ações realizadas, articula empresas e voluntários em mutirões que devolvem dignidade a espaços coletivos.
  • Ecosynth (Porto Alegre/RS)
    Incubada na UFRGS, atua com biotecnologia aplicada à redução da pegada de carbono. Desenvolve produtos enzimáticos para tratar resíduos industriais e substituir processos químicos agressivos.
  • Mercado Net Zero – MNZ (Porto Alegre/RS)
    Marketplace de créditos de carbono, que atua com letramento corporativo e democratização do acesso a mecanismos de compensação ambiental. Foca em impacto real e apoio a projetos sustentáveis.
  • Ozone Engenharia (Porto Alegre/RS)
    Desenvolve metodologias para tratamento e reuso de efluentes industriais com base em ozonização. A solução reduz custos, contaminações e a pressão sobre corpos hídricos, promovendo circularidade na indústria.
  • Persepolis Escola Livre (Porto Alegre/RS)
    Hub de inovação socioambiental e tecnológica voltado à formação de jovens da periferia. Atua em parceria com escolas públicas para promover pertencimento, pensamento crítico e inclusão digital, unindo criatividade, tecnologia e propósito social.
  • PlenaSim – Mulher em foco (Porto Alegre/RS)
    Idealizada por uma assistente social da segurança pública, a startup quer ampliar o acesso a informações seguras sobre menopausa e climatério, especialmente entre mulheres do interior. O objetivo é lançar um app que cuide de quem cuida.
  • Pura – Culturas Regenerativas & Soluções baseadas na Natureza (Porto Alegre/RS)
    Foca em restauração de ecossistemas e acesso a água e saneamento em territórios vulneráveis. Atua com sistemas agroflorestais, captação de recursos e projetos comunitários voltados à adaptação climática.
  • Smart Composer VR (Porto Alegre/RS)
    Cria experiências imersivas com realidade virtual e interatividade para digitalizar pontos turísticos e culturais. A startup desenvolveu a visita virtual oficial ao Teatro São Pedro durante o período de reforma.
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Por Pedro Barbosa editor
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Jornalista e Mestre em Comunicação, ambos pela Unisinos. Possui pós-graduação - MBA em Design Digital e Branding e pós-graduação em Gestão da Tecnologia da Informação, ambos pela Uninter. Já atuou no setor público e privado, tendo trabalhado no governo do Estado do Rio Grande do Sul, com deputados estaduais, federais, no Jornal NH e no Parque Tecnológico São Leopoldo - Tecnosinos.
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