Neste feriado de 1º de maio, o Brasil celebra as conquistas dos profissionais que ajudam a sustentar o desenvolvimento do país e, ao mesmo tempo, enfrenta inúmeros desafios. Por exemplo, só no setor de tecnologia, a previsão é de que mais de 790 mil vagas sejam abertas até 2025, segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). Mas a formação de profissionais qualificados ainda está muito abaixo dessa demanda. Enquanto isso, milhares de pessoas buscam uma chance de se recolocar, se reinventar ou simplesmente começar. É nesse cenário que o starten.tech lança, neste feriado, sua nova editoria de carreira, um espaço para falar de futuro, propósito e trabalho com profundidade, clareza e oportunidade.
A editoria nasce para conectar tendências, formações e oportunidades reais a quem está começando, se reposicionando ou crescendo no setor de tecnologia. Nosso foco está em apoiar jovens talentos, profissionais em transição de carreira e pessoas em busca de recolocação, com conteúdo prático, acessível e em sintonia com o ecossistema de inovação.
A conta não fecha
Déficit de formação expõe desigualdades que vão além da qualificação técnica.
De um lado, empresas de tecnologia seguem crescendo e abrindo vagas. Do outro, o Brasil forma, em média, apenas 53 mil profissionais por ano para um setor que deve demandar mais de 790 mil até o final de 2025. O resultado é um déficit técnico que afeta desde startups locais até gigantes globais, o que escancara um desafio social: como ampliar o acesso às carreiras do futuro em um país onde boa parte da população sequer tem acesso pleno à internet?
Para a mentora de carreira e líder de RH da comunidade +praTi, Juliet Bombassaro, o mercado de tecnologia pode ser considerado uma ‘bolha’, dentro do oceano que é o território brasileiro. “Como a gente atua na área, às vezes parece difícil imaginar, mas ainda é um grupo muito pequeno o que realmente tem acesso à tecnologia. Se considerarmos o Brasil como um todo, a maioria das pessoas ainda precisa ser incluída no mundo digital”.
Juliet, que também é CHRO e sócia da Trindtech, entende que, quanto menor a familiaridade com a tecnologia, menores são as chances de encontrar uma vaga. “Não é que faltam plataformas, o que falta é acessibilidade a elas”.
Já a especialista em Desenvolvimento de Carreira e Liderança, Cris Pellegrin, entende que há muita gente com talento e experiência, mas que não compreende o mundo de inovação, startups e tecnologia. “Muitas vezes, por não saber o nome das coisas, a pessoa acha que não pertence. Porque, para quem vem de fora do ecossistema de inovação, tudo parece uma bolha. É um vocabulário novo, uma lógica diferente”.

Para Cris, que também é Head de Cultura e Pessoas da Ventiur Smart Capital, a primeira barreira para entrar é justamente essa. “Entender que sim, dá para fazer parte, mesmo sem ter todos os códigos de acesso no início”.
Iniciativas para virar o jogo
Se por um lado faltam profissionais prontos para atuar em tecnologia, por outro, começam a se multiplicar projetos que tentam democratizar o acesso a esse mercado, especialmente para quem historicamente ficou de fora dele. Programas de formação, iniciativas de inclusão e redes de apoio vêm surgindo dentro e fora das empresas, muitas vezes impulsionados por profissionais que conhecem, na prática, as barreiras da transição.
Uma dessas iniciativas é a +praTi, rede voluntária que conecta empresas e pessoas em busca de sua primeira oportunidade em tecnologia. O movimento já impactou mais de 60 mil pessoas desde 2020, oferecendo formação, mentoria, apoio psicológico e inserção profissional, tudo de forma gratuita. Juliet vê a ação como uma ponte. “A gente não promete emprego, mas mostra caminhos, acolhe e prepara para o mercado. Porque ninguém caminha sozinho”.
A líder de RH da comunidade +praTi lembra de um jovem que começou aprendendo programação no celular emprestado do avô. “A gente viu que ele tinha potencial e dificuldade financeira, então demos apoio: computador, mesa, ventilador. Ele terminou o curso com média alta, foi contratado, se dedicou muito ao plano de desenvolvimento e acabou sendo efetivado. Mais do que mudar a vida dele, essa oportunidade mudou a realidade da família inteira”, destaca Juliet.
Outros exemplos vêm de iniciativas como o ReEmprega RS, que busca conectar pessoas em busca de recomeço com empresas comprometidas em fazer a diferença, e a ONG Prototipando a Quebrada, que promove inclusão digital a partir das periferias, já impactou 5 mil pessoas e projeta formar 1 milhão de jovens para o mercado de tecnologia.

Mulheres ainda são minoria no setor
Apesar de avanços recentes, a presença feminina no mercado de tecnologia brasileiro ainda é pequena. De acordo com um estudo da Serasa Experian, apenas 0,08% das mulheres brasileiras acima de 18 anos atuam na área de Tecnologia da Informação (TI), totalizando cerca de 73 mil profissionais. Esse número representa um crescimento de 4,6% em relação a 2024, quando eram 69,8 mil, mas ainda evidencia o desafio de tornar o setor mais diverso e inclusivo. O estudo analisou dados de mais de 93,5 milhões de mulheres brasileiras com 18 anos ou mais, com o objetivo de entender o perfil das profissionais de TI. Em comparação ao público masculino, 0,34% trabalham com TI, conforme levantamento feito com 92,7 milhões de homens no país.
Faltam políticas afirmativas, formação acessível e ambientes seguros para que mais mulheres ingressem e permaneçam na área. Iniciativas como a {reprograma}, que oferece formação intensiva em programação para mulheres cis e trans em situação de vulnerabilidade social, e a PrograMaria, que quer empoderar mulheres negras e periféricas através da tecnologia, são outros exemplos que buscam ampliar a participação feminina no mercado de tecnologia. Ambas têm ajudado a desconstruir barreiras técnicas, sociais e emocionais que ainda afastam tantas mulheres de um setor onde sobram oportunidades, mas faltam pontes.
A carreira é agora
A transformação no mundo do trabalho já começou! E, a tecnologia está no centro dessa mudança. Mas para que ela seja, de fato, uma alavanca de oportunidades, é preciso falar também sobre acesso, inclusão, formação e pertencimento.

A nova editoria de carreira do starten.tech está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), em especial com o de número 8: trabalho decente e crescimento econômico. Ela nasce com esse compromisso: levar informação de qualidade a quem quer entrar, crescer ou recomeçar no mercado de tecnologia. Vamos mostrar iniciativas que estão fazendo a diferença, histórias que inspiram, vagas que conectam e conteúdo que ajuda a entender o que vem por aí.
Porque carreira não é só sobre conseguir um emprego. Mas sim, sobre construir um caminho, com propósito, escolhas e futuro.
Muitooo bommm 👏👏👏👏 tenho certeza que essa nova editoria vai impactar ainda mais profissionais. Sucesso