Saúde! Essa nem sempre é a primeira preocupação no universo gamer. Afinal, a atenção costuma estar voltada para a escolha do processador, memória, placa de vídeo e monitor. Muito se investe na configuração do computador, mas pouco se pensa no conforto necessário para passar horas em frente às telas. A pandemia de Covid-19 e a necessidade do isolamento social impulsionaram significativamente a demanda por jogos eletrônicos e e-sports no mundo. Essa tendência segue forte e, em 2024, o número de gamers chegou a 3,42 bilhões de pessoas, um crescimento de 4,5% em relação a 2023, segundo estudo da plataforma de dados especializada no setor Newzoo.
O Brasil acompanha esse crescimento: 74,5% da população afirma jogar regularmente jogos digitais, enquanto 85,4% consideram esse tipo de entretenimento uma de suas principais formas de diversão, segundo a pesquisa Game Brasil (PGB), realizada pelo Sioux Group e Go Gamers. Esse aumento na popularidade dos games impulsiona também o mercado de equipamentos especializados.
De acordo com uma pesquisa da Mordor Intelligence, o mercado de cadeiras gamer deve movimentar, em 2025, US$ 1,68 bilhão e atingir US$ 2,43 bilhões até 2030. De olho nesse cenário em expansão, a Elements, uma startup de mobiliário gamer e corporativo de Palhoça/SC, aposta em soluções inovadoras que aliam conforto e saúde.
Segundo a sócia da Elements, Bruna Dias, com a necessidade de home office, muitas pessoas passaram a ficar mais tempo sentadas, e isso aumentou a preocupação com a ergonomia. “Antes da Pandemia de Covid-19, muita gente não se atentava a isso, mas, de repente, precisaram adaptar seus espaços de trabalho e começaram a procurar soluções melhores”.
Nossa grande bandeira é o futuro: o futuro do trabalho, mas também um futuro com mais cuidado com a saúde. Muitas vezes, esse aspecto acaba sendo negligenciado. Queremos mudar isso!
Sócia da Elements, Bruna Dias.
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Cuidado com a saúde
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 5,4 milhões de pessoas apresentaram problema de hérnia de disco no país em 2019, com a média de idade em pacientes diminuindo de 37 para 30 anos. Uma parcela significativa desses brasileiros utiliza cadeiras gamers tradicionais, que nem sempre são ergonômicas.
Segundo a mestra em Educação Física, Patrine Vargas, que trabalha com saúde e tecnologia, a compra do mobiliário adequado deveria começar pela prevenção. “Mas sabemos que, na maioria dos casos, as pessoas recorrem a cadeiras ou mesas ergonômicas quando já estão com quadros de dor instaurados”.
Jogador profissional de RainbowSix Siege (apelido ‘Dotz’ no mundo gamer), João Antônio Miranda, 22, fica ao menos oito horas por dia sentado e não abre mão desse conforto. “Já tive muita dor nas costas e uma cadeira boa faz toda a diferença, no bem-estar e no rendimento”.
Ao unir ergonomia a um design inovador e funcional, a Elements desenvolve produtos que vão além da estética e priorizam a saúde do usuário. “Todos os nossos produtos passam pelos critérios da NR-17, que é a norma do Ministério do Trabalho para ergonomia. Isso exigiu bastante do nosso time de desenvolvimento para criar cadeiras gamers realmente ergonômicas”, explica Bruna.
Para isso, a Elements conta com um time interno de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), que analisa diversos aspectos de ergonomia, garantindo o conforto e a durabilidade esperada para os produtos.
Inovação e produção globalizada
Grandes empresas, muitas vezes, enfrentam dificuldades para inovar com agilidade. Por isso, a cultura ágil de uma startup, aliada a um setor de P&D interno são fundamentais para que a Elements possa analisar diversos aspectos de ergonomia para garantir conforto e durabilidade aos seus produtos. “Ter um time de P&D nos coloca um passo à frente para entregar alta tecnologia e performance, sem depender de soluções genéricas de mercado. Por isso, nossa equipe trabalha continuamente para criar produtos que realmente façam a diferença para o consumidor”, explica Bruna.
Além disso, Bruna conta que o processo de criação de um novo produto pode ser demorado. “Desde os primeiros protótipos até os testes finais, passamos por diversas etapas: montagem, desmontagem, ajustes, envio para fábrica, retorno para refinamento”.
A Elements trabalha com conceitos de futuro: do trabalho, do gamer, escritórios e home office. “Essa visão vai além do branding: está presente nos nossos produtos. Desde o design das curvas até as cores escolhidas, tudo é pensado para transmitir um ar futurista e sofisticado, tanto para o ambiente corporativo quanto para o consumidor final”, destaca Bruna.
Outro diferencial da startup é a produção globalizada, em parcerias com fábricas no Brasil, China, Coreia e Itália. Essa estratégia dá flexibilidade à empresa e reduz a dependência de um único fornecedor.
Impacto e microcomunidades
O senso de comunidade está presente no DNA da Elements. As campanhas são pensadas para contextualizar os produtos de forma inovadora, gerar identificação e mostrar que o produto pode fazer parte de diferentes estilos de vida. “Estamos sempre atentos a quem pode se tornar nosso cliente e buscamos aproximá-los através dessas microcomunidades. As ativações não servem apenas para engajar quem já está interessado, mas também para despertar o interesse de quem ainda não está pensando no produto”, conta Bruna.
Com 160 revendas físicas no Brasil e parcerias com redes como Fast Shop e Amazon, a Elements projeta um faturamento de R$ 15 milhões em 2025, somente no segmento de cadeiras gamers. “Nosso compromisso é gerar impacto positivo em toda a cadeia, desde o revendedor até o consumidor final”, destaca Bruna.
A startup também tem parcerias estratégicas no setor de e-sports, como a W7M Esports e eventos como o Tamo Junto, Nesse Game, realizado pelo Banco do Brasil. “Trabalhamos com influenciadores e criadores de conteúdo que realmente gostam dos nossos produtos, ajudando a consolidar nosso posicionamento no mercado”, explica a sócia da Elements.
Origens e futuro
Bruna conta que a ideia de criar a Elements surgiu em 2015 em meio ao boom das cadeiras gamers no Brasil, com grandes empresas olhando atentamente para o setor. “Sabíamos que um movimento grande estava para acontecer e que não seríamos os únicos entrando nesse mercado. Então, a questão era: o que faríamos de diferente para nos destacar? Afinal, naquele momento, só tínhamos um sonho, sem dinheiro”.
Os sócios Bruna Dias e Rafael Dutra passaram um ano se dedicando a transformar esse sonho em realidade. Estudaram sobre branding, storytelling, marca e importação. “Percebemos que, se queríamos construir um produto de marca para ser duradouro, precisávamos contar uma história, causar impacto e gerar algum tipo de transformação. Foi aí que desenvolvemos o nome Elements, baseado nos elementos da natureza”, recorda Bruna.
A sócia da Elements conta que os primeiros modelos foram cadeiras gamers no estilo racing, inspiradas nos elementos da natureza: terra, água, ar e fogo. “Criamos um enredo onde, por exemplo, quem comprava uma cadeira inspirada no elemento água recebia um cristal real desse elemento. Também enviávamos um pergaminho de iniciação, o que já trabalhava o sentimento de pertencimento”.
Além disso, cada cliente recebia um livro com histórias, com valores e conceitos pensados para gerar transformação nos jovens. A abordagem diferenciada caiu no gosto do público e permitiu que a empresa crescesse gradualmente.
Um empréstimo com um amigo, que posteriormente se tornaria sócio, possibilitou as primeiras parcerias com fornecedores. “Fomos crescendo aos poucos, reinvestindo tudo, pois precisávamos vender para conseguir comprar mais. Foi um processo demorado, mas o conceito pegou muito bem com o público”, conta Bruna.
Três anos depois, um aporte milionário acelerou o crescimento, consolidando a Elements como uma das principais marcas do segmento. “Somos a segunda marca de cadeira ergonômica mais buscada no Brasil, segundo dados recentes do Google. Além disso, fomos a única marca a registrar um crescimento de 19% nas buscas nos últimos três meses. Isso mostra a potência da nossa marca e o impacto do nosso trabalho”, comemora Bruna.
Para o futuro, a startup mira a expansão para a América Latina, com testes para avaliar a aceitação da marca em novos mercados.