Plataforma GovTech já conta com mais de 200 projetos cadastrados para prevenção e mitigação de danos resultantes de desastres naturais

Pedro Barbosa - editor
Iniciativa liderada pelo GovTech LAB pode beneficiar cidades como Canoas, na região Metropolitana.Amanda Perobelli/Reuters.

*Atualização (13/05/2024, 19h30): mais de 200 projetos já estão cadastrados na plataforma.

Em um esforço para mapear e promover a adoção de projetos e soluções voltadas à prevenção e redução de danos causados pelos desastres naturais que atingiram o Rio Grande do Sul nas últimas semanas, o GovTech LAB lançou, nesta segunda-feira, 13, uma plataforma de soluções GovTech – B2G. A ferramenta, que já conta com mais de 200 projetos cadastrados, mostra o poder do ecossistema de inovação para contribuir com soluções de enfrentamento dos desafios atuais. O mapeamento é realizado em parceria com a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (Sict), a Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação (Reginp), a Associação Gaúcha de Startups (AGS) e a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).

A CEO do GovTech LAB, Téo Foresti Girardi, vê esse primeiro movimento como extremamente promissor. “O fato de mais de 200 iniciativas terem se cadastrado demonstra um forte interesse e engajamento da comunidade em contribuir com soluções para os desafios enfrentados atualmente”.

As soluções provenientes dessas iniciativas podem desempenhar um papel crucial na retomada, abordando uma ampla gama de áreas e necessidades. Téo explica que as soluções são relacionadas à diversas áreas. “Por exemplo, as iniciativas voltadas à área de saúde podem ajudar na melhoria dos sistemas de saúde pública, rastreamento de contatos, diagnóstico e tratamento de doenças. Soluções voltadas para a economia podem auxiliar na recuperação de setores afetados, impulsionando a inovação e a criação de empregos. E soluções sociais podem abordar questões como a educação, inclusão digital e apoio à população vulnerável”, destaca.

A maioria das iniciativas é de startups gaúchas. Mas, também há projetos de outros países, como Argentina, Alemanha, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França e Reino Unido. O GovTech LAB deve apoiar e promover essas iniciativas, fornecendo recursos, orientação e colaboração para ajudar a impulsionar o impacto positivo dessas soluções na retomada pós-crise climática.

Informações sobre abrigos e doações

Projeto desenvolvido pela Trindtech foi realizado em parceria com programadores voluntários e prefeitura de Gravataí.

Uma das soluções cadastradas foi criada pela Trindtech, uma startup incubada no PradoTech, em Gravataí. A empresa desenvolveu uma plataforma com informações sobre abrigos e doações nas cidades afetadas pelas chuvas. O CEO e fundador da Trindtech, Diraci Junior Trindade da Silva, conta que a ideia de organizar essas informações, que estavam descentralizadas, surgiu em conversas com um grupo de empreendedores que fazem parte do Startup Gravataí, uma iniciativa que visa estimular o surgimento e crescimento de startups no município. “Desenvolvemos essa aplicação de forma voluntária para colaborar com a organização dos abrigos, o processo de doação e o remanejo de itens doados. Estamos solidários com todos os voluntários que estão dedicando esforços neste momento”.

O site https://ajudars.trindtech.com.br, já conta com cerca de 5 mil usuários, 100 abrigos cadastrados, além de mais de 15 mil acessos. A maioria dos espaços de acolhimento está distribuída em seis municípios, sendo mais de 60 abrigos em Gravataí e Cachoeirinha. 

Iniciativa pode beneficiar cidades como Canoas

Prefeito de Canoas, Jairo Jorge, fez um novo alerta de evacuação imediata no domingo, 12.

Uma das cidades mais afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul foi Canoas, na região Metropolitana. O município, que decretou estado de calamidade pública no dia 2 de maio, está com mais da metade de suas residências alagadas. O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, fez um novo alerta de evacuação imediata no último domingo, 12, para sete bairros afetados pelas enchentes no município. A medida ocorre por conta da elevação do volume da água das chuvas das últimas horas, trazendo o risco de inundação no Rio Jacuí.

Em um vídeo publicado no Instagram, o prefeito Jairo Jorge pediu para os moradores deixarem suas residências. “Peço a todos os canoenses que voltaram para suas casas do lado oeste, do bairro Rio Branco, Fátima, Mato Grande, Harmonia, Mathias Velho e São Luís, que porventura foram em suas casas verificar se está seca, se em alguma região a água baixou, que saiam imediatamente porque as águas retornarão. E se a pessoa ficar possivelmente precisará ser resgatada. Por isso a evacuação imediata desta região”, alertou.

Morador do bairro Mathias Velho, o fotógrafo Daiton Lima, 30 anos, reside próximo ao Rio dos Sinos. Ele conta que a maioria dos moradores não acreditou que o nível da água subiria tanto. “Eu, por exemplo, só consegui retirar meus equipamentos, o computador e a câmera. Não tivemos tempo de tirar os eletrodomésticos. Saí só com algumas roupas, uma mala e a mochila. O restante ficou submerso”.

O dia a dia está sendo bem complicado. É uma luta diária por comida, alimento e água. E, também, por um colchão a mais, porque estamos dormindo em espaços improvisados.

Daiton Lima, fotógrafo.

Lima explica que a sua família, composta por 17 pessoas, procurou refúgio em um galpão de uma empresa de logística em Canoas, onde o irmão trabalha. No meio de todo esse caos, ele ainda encontra forças para ajudar o próximo. O fotógrafo tem feio ‘um papel meio de Uber, de Correio’, comprando e entregando donativos a pedido de amigos. Para o futuro, quando a água baixar, Lima deseja entrar em casa e limpar sua residência. “Quero poder encontrar minha casa inteira, sem rachaduras, pois é uma casa antiga. Vamos fazer uma força-tarefa para limpar tudo. Espero que isso não aconteça mais e que o governo crie políticas públicas para evitar novos desastres. Não sei qual é a solução, mas tenho certeza de que quem estiver no comando da gestão pública vai ter uma ideia para solucionar esse problema”.

Conectando doadores, voluntários e centros de distribuição

AjudeRS conecta doadores, voluntários e centros de distribuição.

Outra iniciativa cadastrada na plataforma de soluções GovTech – B2G é o projeto AjudeRS, desenvolvido pela ResiGo, uma startup incubada no Parque Científico Tecnológico Regional da UNISC – Tecnounisc, em Santa Cruz do Sul. De acordo com o cofundador da ResiGo, Victor Hugo Tavares Brum, a ferramenta, que conecta doadores, voluntários e centros de distribuição, é direcionada tanto para quem é doador quanto para quem é voluntário. “Se você quer doar, basta acessar o site para saber quais são os principais pontos de distribuição no Estado, com atualizações em tempo real, e ver a lista de donativos do local mais próximo da sua residência ou da sua cidade”.

Na prática, a ferramenta funciona assim: cada ponto de coleta possui um administrador, que tem acesso ao site e consegue inserir e alterar os itens ou o tipo de voluntario necessário em tempo real. Com base nessas informações, os voluntários podem acessar colaborar de forma mais assertiva. Também é possível ver os pontos de doação que existem no município, qual o mais próximo de quem quer doar e o que cada local precisa.

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Por Pedro Barbosa editor
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Jornalista e Mestre em Comunicação, ambos pela Unisinos. Cursa pós-graduação - MBA em Design Digital e Branding e pós-graduação em Gestão da Tecnologia da Informação, ambos na Uninter. Já atuou no setor público e privado, tendo trabalhado no governo do Estado do Rio Grande do Sul, com deputados estaduais, federais, no Jornal NH e no Parque Tecnológico São Leopoldo - Tecnosinos.
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