*Atualização (13/05/2024, 19h30): mais de 200 projetos já estão cadastrados na plataforma.
Em um esforço para mapear e promover a adoção de projetos e soluções voltadas à prevenção e redução de danos causados pelos desastres naturais que atingiram o Rio Grande do Sul nas últimas semanas, o GovTech LAB lançou, nesta segunda-feira, 13, uma plataforma de soluções GovTech – B2G. A ferramenta, que já conta com mais de 200 projetos cadastrados, mostra o poder do ecossistema de inovação para contribuir com soluções de enfrentamento dos desafios atuais. O mapeamento é realizado em parceria com a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (Sict), a Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação (Reginp), a Associação Gaúcha de Startups (AGS) e a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).
A CEO do GovTech LAB, Téo Foresti Girardi, vê esse primeiro movimento como extremamente promissor. “O fato de mais de 200 iniciativas terem se cadastrado demonstra um forte interesse e engajamento da comunidade em contribuir com soluções para os desafios enfrentados atualmente”.
As soluções provenientes dessas iniciativas podem desempenhar um papel crucial na retomada, abordando uma ampla gama de áreas e necessidades. Téo explica que as soluções são relacionadas à diversas áreas. “Por exemplo, as iniciativas voltadas à área de saúde podem ajudar na melhoria dos sistemas de saúde pública, rastreamento de contatos, diagnóstico e tratamento de doenças. Soluções voltadas para a economia podem auxiliar na recuperação de setores afetados, impulsionando a inovação e a criação de empregos. E soluções sociais podem abordar questões como a educação, inclusão digital e apoio à população vulnerável”, destaca.
A maioria das iniciativas é de startups gaúchas. Mas, também há projetos de outros países, como Argentina, Alemanha, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França e Reino Unido. O GovTech LAB deve apoiar e promover essas iniciativas, fornecendo recursos, orientação e colaboração para ajudar a impulsionar o impacto positivo dessas soluções na retomada pós-crise climática.
Informações sobre abrigos e doações
Uma das soluções cadastradas foi criada pela Trindtech, uma startup incubada no PradoTech, em Gravataí. A empresa desenvolveu uma plataforma com informações sobre abrigos e doações nas cidades afetadas pelas chuvas. O CEO e fundador da Trindtech, Diraci Junior Trindade da Silva, conta que a ideia de organizar essas informações, que estavam descentralizadas, surgiu em conversas com um grupo de empreendedores que fazem parte do Startup Gravataí, uma iniciativa que visa estimular o surgimento e crescimento de startups no município. “Desenvolvemos essa aplicação de forma voluntária para colaborar com a organização dos abrigos, o processo de doação e o remanejo de itens doados. Estamos solidários com todos os voluntários que estão dedicando esforços neste momento”.
O site https://ajudars.trindtech.com.br, já conta com cerca de 5 mil usuários, 100 abrigos cadastrados, além de mais de 15 mil acessos. A maioria dos espaços de acolhimento está distribuída em seis municípios, sendo mais de 60 abrigos em Gravataí e Cachoeirinha.
Iniciativa pode beneficiar cidades como Canoas
Uma das cidades mais afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul foi Canoas, na região Metropolitana. O município, que decretou estado de calamidade pública no dia 2 de maio, está com mais da metade de suas residências alagadas. O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, fez um novo alerta de evacuação imediata no último domingo, 12, para sete bairros afetados pelas enchentes no município. A medida ocorre por conta da elevação do volume da água das chuvas das últimas horas, trazendo o risco de inundação no Rio Jacuí.
Em um vídeo publicado no Instagram, o prefeito Jairo Jorge pediu para os moradores deixarem suas residências. “Peço a todos os canoenses que voltaram para suas casas do lado oeste, do bairro Rio Branco, Fátima, Mato Grande, Harmonia, Mathias Velho e São Luís, que porventura foram em suas casas verificar se está seca, se em alguma região a água baixou, que saiam imediatamente porque as águas retornarão. E se a pessoa ficar possivelmente precisará ser resgatada. Por isso a evacuação imediata desta região”, alertou.
Morador do bairro Mathias Velho, o fotógrafo Daiton Lima, 30 anos, reside próximo ao Rio dos Sinos. Ele conta que a maioria dos moradores não acreditou que o nível da água subiria tanto. “Eu, por exemplo, só consegui retirar meus equipamentos, o computador e a câmera. Não tivemos tempo de tirar os eletrodomésticos. Saí só com algumas roupas, uma mala e a mochila. O restante ficou submerso”.
Lima explica que a sua família, composta por 17 pessoas, procurou refúgio em um galpão de uma empresa de logística em Canoas, onde o irmão trabalha. No meio de todo esse caos, ele ainda encontra forças para ajudar o próximo. O fotógrafo tem feio ‘um papel meio de Uber, de Correio’, comprando e entregando donativos a pedido de amigos. Para o futuro, quando a água baixar, Lima deseja entrar em casa e limpar sua residência. “Quero poder encontrar minha casa inteira, sem rachaduras, pois é uma casa antiga. Vamos fazer uma força-tarefa para limpar tudo. Espero que isso não aconteça mais e que o governo crie políticas públicas para evitar novos desastres. Não sei qual é a solução, mas tenho certeza de que quem estiver no comando da gestão pública vai ter uma ideia para solucionar esse problema”.
Conectando doadores, voluntários e centros de distribuição
Outra iniciativa cadastrada na plataforma de soluções GovTech – B2G é o projeto AjudeRS, desenvolvido pela ResiGo, uma startup incubada no Parque Científico Tecnológico Regional da UNISC – Tecnounisc, em Santa Cruz do Sul. De acordo com o cofundador da ResiGo, Victor Hugo Tavares Brum, a ferramenta, que conecta doadores, voluntários e centros de distribuição, é direcionada tanto para quem é doador quanto para quem é voluntário. “Se você quer doar, basta acessar o site para saber quais são os principais pontos de distribuição no Estado, com atualizações em tempo real, e ver a lista de donativos do local mais próximo da sua residência ou da sua cidade”.
Na prática, a ferramenta funciona assim: cada ponto de coleta possui um administrador, que tem acesso ao site e consegue inserir e alterar os itens ou o tipo de voluntario necessário em tempo real. Com base nessas informações, os voluntários podem acessar colaborar de forma mais assertiva. Também é possível ver os pontos de doação que existem no município, qual o mais próximo de quem quer doar e o que cada local precisa.