Trindtech cria plataforma com informações sobre abrigos e doações nas cidades afetadas pelas chuvas

Pedro Barbosa - editor
Projeto foi desenvolvido em parceria com programadores voluntários e prefeitura de Gravataí.

Diversas iniciativas estão sendo realizadas nos ambientes de inovação gaúchos, com o objetivo de ajudar as famílias e municípios atingidos pelas cheias. Uma dessas soluções foi criada pela Trindtech, uma startup incubada no PradoTech, em Gravataí. A empresa criou uma plataforma com informações sobre abrigos e doações nas cidades afetadas pelas chuvas.

O CEO e fundador da Trindtech, Diraci Junior Trindade da Silva, conta que a ideia de organizar essas informações, que estavam descentralizadas, surgiu em conversas com um grupo de empreendedores que fazem parte do Startup Gravataí, uma iniciativa que visa estimular o surgimento e crescimento de startups no município. “Desenvolvemos essa aplicação de forma voluntária para colaborar com a organização dos abrigos, o processo de doação e o remanejo de itens doados. Estamos solidários com todos os voluntários que estão dedicando esforços neste momento”.

No ar a menos de uma semana, o site https://ajudars.trindtech.com.br, já conta com cerca de 5 mil usuários, 100 abrigos cadastrados, além de mais de 15 mil acessos. A maioria dos espaços de acolhimento está distribuída em seis municípios, sendo mais de 60 abrigos em Gravataí e Cachoeirinha. “Os locais estão sendo visitados e contatados por grupo de voluntários, para que possamos manter as informações atualizadas e com mais possibilidades de os abrigos serem beneficiados com as doações”, explica Trindade.

Inicialmente, focamos em Gravataí e região Metropolitana, onde fizemos muitos contatos com os abrigos. Vale a pena olhar com carinho, compartilhar e colaborar, para que a gente possa ajudar mais pessoas que estão precisando neste momento de acolhimento.

CEO e fundador da Trindtech, Diraci Junior Trindade da Silva

Um dos pontos que chama a atenção, nesta iniciativa voluntária, foi a velocidade com que a ferramenta foi desenvolvida. Segundo Trindade, o projeto foi criado em cerca de 30 horas. “Iniciamos o desenvolvimento no domingo à noite. E, na terça-feira pela manhã já estávamos com a primeira versão liberada, contendo o cadastro dos primeiros abrigos e a disponibilização para o início da validação. No final da tarde de terça, anunciamos nas redes sociais”.

Conexão com iniciativas locais

Em paralelo ao desenvolvimento, Trindade conta que a startup foi se conectando com outras iniciativas voluntárias em Gravataí, que estavam mapeando os espaços em planilhas em Excel. “Vimos a dificuldade que era usar e atualizar essas listas. Conseguimos um grande mapeamento e estamos seguindo esse trabalho voluntário. Agora, sempre que identificamos um abrigo, conseguimos cadastrá-lo direto na plataforma”.

Voluntários se reuniram de forma online para debater sobre as funcionalidades da ferramenta.

O desenvolvimento do site foi realizado com apoio de programadores externos parceiros voluntários, além de funcionários e novos talentos da Trindtech, que se engajaram na solução. “Juntamos algumas pessoas da equipe, dos que estavam possíveis, online, com luz e internet em casa. O pessoal abraçou e começou a desenvolver”, destaca Trindade.

Trabalhando há cerca de um ano e nove meses na Trindtech, a desenvolvedora de software Andriele Joras dos Santos, 20 anos, conta que em momentos como esse, assim como na Pandemia, ela não consegue pensar em fazer outra coisa produtiva que não seja a favor das pessoas que estão realmente precisando. “A forma que encontramos de ajudar foi enxergar esse problema gigantesco de gerenciamento dos abrigos e das informações do que realmente está acontecendo e como as pessoas vão ir de um lugar para o outro sem saber realmente quais são as informações certas e válidas”.

Andriele também destaca a velocidade de concepção do projeto, desde a concepção do design, até chegar a uma versão prévia da solução, chamada de MPV (Mínimo Produto Viável). “Tentamos desenvolver o máximo possível no menor tempo, a fim de atingir um maior número de pessoas. Atualmente estamos com 12 pessoas desenvolvendo juntas e organizando como vamos atender as futuras demandas”.

Preocupação com fakes

Plataforma disponibilizada, os primeiros abrigos e municípios começaram a cadastrar suas informações de contato, bem como os tipos de doações que necessitam para cada unidade. Os materiais abrangem desde necessidades urgentes como, por exemplo, itens de higiene, fraldas infantis e geriátricas, roupas masculinas e femininas para crianças, jovens e adultos, passando por cestas básicas, até chegar na necessidade de mais voluntários para ajudar nos trabalhos dos abrigos.

Entretanto, Trindade conta que o aumento de interesse na plataforma gerou uma dificuldade: conforme mais cidades e abrigos foram se cadastrando, a equipe da Trindtech percebeu que alguns dos cadastros eram de abrigos fake (ou seja, que não existiam). “Reunimos um grupo de voluntários para fazer uma verificação e homologação de cada cadastro antes de liberar no sistema. Assim, evitamos o problema de abrigos fakes e de pessoas que estão se aproveitando das doações”.

Parceria com municípios

Municípios interessados em utilizar a solução, que é voluntária e gratuita, podem entrar em contato com a Trindtech, através do WhatsApp 51-99126-4978 ou pelo Instagram @trindtech. Já os abrigos podem se cadastrar diretamente no site https://ajudars.trindtech.com.br.

Segundo Trindade, a ideia é se aproximar de prefeituras e movimentos sociais de outras cidades. “Além de centralizar informações sobre os abrigos e doações, queremos criar uma área de gestão dos abrigos e donativos para distribuição pelos órgãos públicos, cadastro de pessoas desabrigadas, escala de voluntários, dentre outros. Estamos observando que provavelmente muitos abrigos vão ficar abertos por muito tempo ainda, até as pessoas voltarem para suas casas”.

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Por Pedro Barbosa editor
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Jornalista e Mestre em Comunicação, ambos pela Unisinos. Cursa pós-graduação - MBA em Design Digital e Branding e pós-graduação em Gestão da Tecnologia da Informação, ambos na Uninter. Já atuou no setor público e privado, tendo trabalhado no governo do Estado do Rio Grande do Sul, com deputados estaduais, federais, no Jornal NH e no Parque Tecnológico São Leopoldo - Tecnosinos.
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