Vencedora da tradicional Batalha de Startups da Gramado Summit, realizada entre os dias 10 e 12 de abril, em Gramado, a startup Eva Saúde, que tem por objetivo compartilhar conteúdo de qualidade, baseado em evidências científicas, feito por profissionais que trabalham na área materno-infantil, pretende utilizar o prêmio de R$ 200 mil para acelerar o negócio, desenvolver as áreas comerciais e de tecnologia, ampliar o modelo de benefícios para empresas e ampliar o portfólio de produtos.
Criada a partir da união de propósitos de uma mãe e de uma médica, a Eva Saúde proporciona uma experiência de maternidade mais informada, segura e acolhedora para todas as mulheres. A CEO da Eva Saúde, Nathália Tôrres, conta que a ideia de negócio surgiu enquanto aguardava a chegada de sua filha Cecília, hoje com três anos. “Foi durante a minha gestação que eu pude me conectar mais profundamente com esse universo. Identifiquei a falta de informações de qualidade e de conexão entre todos os agentes de saúde, que podem colaborar para uma gestação mais saudável e um desfecho mais positivo”.
Nathália criou a Eva Saúde em parceria com a médica obstetra Samanta Schneider, que é formada em medicina pela PUC/RS e é Mestre em Ginecologia e Obstetrícia pela UFRGS. Samanta, que atua prestando assistência ao parto e em plantões de hospitais, constatou de perto essa realidade, do lado do profissional, que também quer prestar um serviço de qualidade, mas que não consegue abranger todas as áreas da saúde em uma consulta que, por vezes, dura de 15 a 20 minutos.
Ainda colhendo os frutos da vitória na Batalha de Startups, a Eva Saúde não se descuida e projeta os próximos passos: o objetivo a longo prazo é consolidar a startup como referência para a mulher durante o seu ciclo de gestação, parto e puerpério, podendo oferecer um suporte integral e confiável para todas as mulheres na sua jornada da maternidade. Além disso, a empresa quer fortalecer parcerias com players da área da saúde, desenvolver as áreas comerciais e de tecnologia, ampliar o modelo de benefícios para empresas e ampliar o portfólio de produtos. “Vai vir muita coisa nova. O investimento vai acelerar os nossos planos, que estão focados na expansão dos serviços, alcançar mais gestantes e fortalecer a nossa presença no mercado”, comemora Nathália.
Uma competição desafiadora
Realizada em parceria com a Ventiur Smart Capital, a Batalha das Startups selecionou a empresa mais preparada para receber um aporte financeiro e um processo de aceleração. Ao todo, foram 70 startups inscritas na competição, que teve caráter eliminatório. Destas, 20 foram selecionadas para se apresentar no palco da Ventiur. Entre as apresentações que aconteceram nos três dias do evento, foram selecionadas três para a final: a Eva Saúde, a Data4Company e a Edupulses.
A Head de Aceleração na Ventiur Smart Capital, Gabrielly Balsarin, conta que a aceleradora é parceira de longa data da Gramado Summit. “Estamos na Batalha de Startups desde 2021. Em quatro anos, já viabilizamos R$ 1,8 milhões em investimentos. A edição deste ano foi muito legal, porque tivemos um número bem interessante de inscritos”.
Gabrielly explica que, durante a competição, a banca de jurados da Ventiur e convidados avaliam requisitos como qual problema o negócio do competidor busca resolver e sua relevância para o público alvo; tamanho do mercado, concorrentes e diferenciais do negócio; validações feitas até o momento, principalmente relacionado a vendas e faturamento; onde a equipe está e onde pretende chegar com o investimento; utilização do investimento e, por fim, o que os sócios têm de experiência que comprovem que são capazes de fazer o investimento dar retorno.
“Foi uma banca super qualificada, que contou com a participação dos nossos parceiros e do Comunitá, que é um serviço do Sicredi, como parceiro para análise do investimento. As três startups que chegaram na final tinham muito potencial de serem investidas. O que chamou atenção na Eva Saúde foi a capacidade de execução das empreendedoras. É um negócio jovem, mas que em pouco tempo já alcançou resultados muito interessantes”, destaca Gabrielly.
Participar da Batalha de Startups foi uma experiência incrível e desafiadora para Nathália. A Ceo da Eva Saúde conta que foi a primeira vez que participaram da competição. “Nós já havíamos apresentado o nosso pitch anteriormente, mas como uma forma de finalizar os programas de aceleração que a gente participou. Ter o feedback de uma banca de jurados especializada, que em cada fala contribuíam ainda mais para o nosso negócio. Mais do que ganhar a Batalha de Startups, só o fato de participar, de estar entre as 20 selecionadas, foi algo muito significativo para nós”.
Investir para escalar
Com o cheque de R$ 200 mil na mão, a Eva Saúde pretende utilizar parte dos recursos para o desenvolvimento de novos produtos. “O investimento representa um marco significativo para Eva Saúde, porque ele vai permitir que a gente continue avançando no nosso planejamento. O primeiro produto que lançamos é um streaming de educação. Ou seja, é uma plataforma com cursos, que empoderam a mulher com informações de qualidade, baseadas em evidências científicas e trazidas por profissionais que atuam no universo materno-infantil todos os dias”, explica Nathália.
Depois de trabalhar a consciência da mulher entender qual é a sua dor, o seu problema e conscientizar da solução disponível, a Eva Saúde quer focar na individualização do cuidado. “Quando a gente fala que tem um curso com uma psicóloga perinatal, por exemplo, a mulher que está assistindo essa aula, ela pode identificar que de fato ela precisa de um apoio emocional, um apoio psicológico e, a partir disso, ela busca o atendimento”, ressalta Nathália.
Neste sentido, o desenvolvimento da plataforma de saúde que possibilita essa conexão da profissional com a gestante será realizado através do investimento recebido. Além disso, um percentual será destinado ao canal de vendas da Eva Saúde, que atualmente é focado em B2C, que é um termo utilizado para o modelo de negócio em que uma empresa vende seu produto ou serviço para o consumidor final.
Desafios na área da saúde
A criação de soluções inovadoras, que envolvem um ambiente complexo de pesquisas científicas precisa de investimento e tempo para se desenvolver. Quando falamos nas healthtechs (startups da área da saúde), o desafio de transformar essas ideias em negócios é ainda maior. Para Nathália, conseguir dados de qualidade, pesquisas com profundidade na área da saúde é um grande desafio. “Porque, muitas vezes, passa por questões, inclusive de proteção de dados, pois são dados sensíveis. Quando nós falamos sobre a gestação, nós estamos abordando um momento muito sensível e delicado na vida da mulher, que por vezes não consegue ser quantificado em uma pesquisa”.
Para contornar essa questão, a Eva Saúde investiu em entrevistas em profundidade, onde ouviu genuinamente as mulheres e um ambiente acolhedor, escutando quais eram suas críticas e como foram as suas experiências de forma genuína. Além disso, a startup se apoiou em dados disponíveis no mercado. “Infelizmente, a gente tem dados que comprovam como a experiência da mulher é negativa ainda nesse setor. O quanto ela é desencorajada ao parto normal, mesmo tendo evidências de que é a melhor solução para uma mulher em gestação de risco habitual”.
“Nós nos debruçamos e investimos muito tempo em encontrar um modelo de negócio que conseguisse atender as necessidades da mulher e que pudéssemos nos certificar das evidências científicas da nossa proposta. Para isso, contamos com profissionais que são gabaritados e referenciadas nas suas áreas, para que através de um olhar da equipe multidisciplinar a gente consiga garantir as evidências científicas do conteúdo e do atendimento que estamos prestando”, destaca Nathália.